Foi pavimentando uma sólida carreira, galgada degrau por degrau, sem precisar infringir seus valores, que Francina Manson do Nascimento, mais conhecida como Fran Manson, chamou atenção de nomes poderosos do universo pop no Brasil. Depois de ser diversas vezes premiada como coreógrafa de competições de dança e ganhar notoriedade nos festivais mais importantes do País pela Escola de Dança Sigma, ela passou a ser convidada a atuar nos bastidores e nos palcos de artistas nacionalmente conhecidos.
Fran já dançou no Show da Virada da TV Globo com Claudia Leitte, gravou um clipe com a cantora Iza, foi assistente coreográfica e dançou com Ludmilla no Rock in Rio e, mais recentemente, repetiu a mesma experiência junto a Pabllo Vittar, no The Town, em São Paulo, onde se apresentou para uma multidão ao lado do ex-aluno Thiago Rocha, que integra o balé fixo da artista.
E, conforme Fran revela, os convites ainda não pararam de chegar. Trata-se de uma conquista que, ela, aos 36 anos, alcança na sua maturidade profissional e mais: sem nunca ter aberto mão de continuar residindo em Bauru, onde nasceu, longe da força dos holofotes dos grandes centros.
Com apoio da mãe, Edna, do pai, Antônio Carlos, da irmã Jéssica e do companheiro Paulo Gabriel, Fran segue colecionando conquistas, ao mesmo tempo em que continua ensinando a arte da dança para centenas de alunos da Sigma e do Teatro Municipal, onde também atua com alunos que não podem pagar por aulas. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.
JC - Como a dança conquistou você?
Fran - Desde pequena, eu e minha irmã, Jéssica, gostávamos muito de dançar. Meus pais ouviam muita música, dançavam também, então, foi natural. Quando eu tinha um seis anos, comecei a fazer aula de balé clássico na Luso e, depois, ginástica rítmica, por um bom tempo. Minha irmã foi junto, mas, depois, acabou seguindo outros rumos. Eu dançava muito em festa junina nas escolas e, em uma delas, teve uma apresentação de street dance e gostei. Eu estava na oitava série e ia sair da Emef Santa Maria para estudar em um colégio particular. E fui para o Fênix, porque lá tinha aula de dança.
JC - Foi seu primeiro contato com danças urbanas?
Fran - Sim. A professora Caroline Guimarães, muito boa, foi contratada pelo Fênix e trazia professores de São Paulo. Começamos a participar de várias competições de street dance. Aquilo cresceu e a Carol mobilizou a escola a construir um estúdio de dança. Foi incrível ver o que ela conseguiu fazer. Desde pequena, eu queria ser professora e, naquele momento, vi que iria acabar me tornando professora de dança. É muito bom transmitir aprendizado. Quanto mais a gente ensina, mais a gente pesquisa e mais cresce.
JC - Saindo do Ensino Médio, foi fazer graduação para dar aulas?
Fran - Cursei educação física na Unesp e, lá, reencontrei a Giovanna Togashi e o Henrique Bianchini, que eram meus veteranos e professores da Sigma. Eles me chamaram para fazer aulas lá e, logo em seguida, saíram. Ficamos sem professor, mas o grupo continuou, mesmo no improviso, estudando as danças urbanas. Participei de batalhas de hip hop, waacking. Quando comecei a dançar waacking nas rodas, as pessoas não conheciam tanto e ficaram curiosas. Foi quando comecei, no final da faculdade, em 2006, 2007, a ser convidada a dar aulas em outras cidades. Quando me dei conta, já estava dando workshops em grandes eventos nacionais, no Brasil inteiro. A dança me levou para muitos lugares do País.
JC - Na época, você já estava dando aulas na Sigma?
Fran - Comecei no finalzinho da faculdade. E dei aulas de dança em muitas escolas, como o São José, onde fiquei por dez anos, o Geração, Seta. Também participei, a maioria como coreógrafa, de todos os maiores festivais de danças urbanas, como o Rio H2K, Hip Hop District, Meeting Hip Hop, Festival Internacional de Hip Hop, Festival de Dança de Joinville. Neste último, a Sigma é tricampeã na categoria Sênior e na categoria Júnior de danças urbanas. E, em 2017, fui a melhor bailarina do evento, o que foi um marco, já que, na maioria das vezes, as vencedoras são bailarinas clássicas.
JC - Agora, você também passou a se apresentar com artistas conhecidos do público. Como tem sido a experiência?
Fran - Sempre tive esta vontade. Havia recebido convites de artistas e companhias de dança no passado, mas nunca quis sair de Bauru ou abrir mão de ser professora. Com o tempo, fui ganhando evidência como coreógrafa de competição e, agora, mais madura, comecei a receber convites. Em 2021, participei do clipe "Sem Filtro, da Iza, de quem sou fã, e, no mesmo ano, me apresentei com ela no Prêmio Multishow e no Caldeirão com Huck. E uma das bailarinas era da Beyoncé, que contou sobre o patamar que nossa profissão alcançou nos EUA. Foi muito gostoso.
JC - Depois, vieram quais outros artistas?
Fran - Em 2022, recebi o convite do Edson Damazzo para fazer a assistência coreográfica do show da Ludmilla no Rock in Rio e também dancei uma música. Agora, em setembro, assistenciei e dancei no show da Pabllo Vittar no The Town, a convite da Jéssi Muller, para um público de 300 mil pessoas. Foi emocionante, a gente se arrepiava o tempo todo. Já em outubro e novembro, participo do Halloween da Pabllo, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tudo aconteceu de forma muito natural. Fui desenvolvendo meus trabalhos como criadora, construindo um caminho que acredito, e os convites vieram. E outros já estão chegando.
JC - Você também já se apresentou em programas de TV, correto?
Fran - O primeiro foi "Se ela dança, eu danço"; depois, "Astros", como cover da Beyoncé; "Qual é o Seu Talento?", em um trio, pela Sigma; e "Programa Silvio Santos", mais uma vez como cover da Beyoncé, pela Sigma. Estes eram do SBT. Também fui jurada da "Batalha no Salto", da TV Xuxa e, por último, participei de um campeonato de grupos de dança no Faustão, pela Sigma. E disputei um campeonato no Rock in Rio, realizado uma única vez, em 2013, no mesmo dia da apresentação da Beyoncé, de quem sou muito fã.
O que diz a coreógrafa
'É muito bom transmitir aprendizado. Quanto mais a gente ensina, mais a gente pesquisa e mais cresce'
'Dancei no show da Pabllo Vittar no The Town, para um público de 300 mil pessoas. Foi emocionante'
'Fui desenvolvendo meus trabalhos como criadora, construindo um caminho que acredito, e os convites vieram'
Comentários
2 Comentários
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Elaine Nicolino 02/10/2023Fran maravilhosa vc merece TD de bom e muito sucesso!!!! Gratidão eterna!!!! -
Tati 01/10/2023Que lindaaaa! Muito sucesso! Estudei na Sigma nas décadas de 80 e 90 qd ainda era Lucila Teixeira Mendes, só que meu pai não me deixou continuar dizendo que dança não tinha futuro no Brasil... mas eu não tinha intenção de ficar no Brasil mesmo, mas... ele não me deixou continuar... ????