A criação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Bauru, deverá ser aprovada pelo Conselho Universitário (CO) exatamente 30 dias antes da colação de grau da primeira turma do curso. Hoje a Medicina é apenas um curso. No dia 10 de outubro, o colegiado fará uma reunião extraordinária com pauta única, ou seja, exclusivamente para apreciar o tema, sendo necessária a aprovação por dois terços dos membros.

O encontro, marcado para começar às 14h, com transmissão online, ocorre na reta final dos estudos dos 53 alunos da primeira turma, que encerram o curso em 31 de outubro e colam grau em 10 de novembro. Se a criação da Faculdade de Medicina for aprovada, eles serão graduados por ela e não pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), a qual estiveram vinculados ao longo dos seis anos de aprendizagem.

"Assim, ficaríamos com duas unidades: a FOB, com os cursos de Odontologia e Fonoaudiologia; e a Faculdade de Medicina, com o curso de Medicina", explica a professora Marília Afonso Rabelo Buzalaf, diretora da FOB/USP. Ela diz estar otimista em relação à aprovação da nova unidade por diversos motivos.

Entre eles, está a entrega de um projeto consistente, elaborado por uma comissão designada pela Reitoria da instituição, que descreve toda a estrutura acadêmica e administrativa que irá compor a faculdade. O documento começou a ser confeccionado no ano passado e foi aprimorado em 2023, por uma segunda comissão.

"Ele é muito 'pé no chão', com número de professores e orçamento reduzidos, na comparação com as outras duas faculdades da USP (em Ribeirão Preto e São Paulo), e com um modelo político pedagógico totalmente inovador", acrescenta.

Segundo a diretora, a adoção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem foi um dos diferenciais que permitiram o curso ser avaliado como excelente pelo Conselho Estadual de Educação, em 2022. "Mesmo diante dos desafios no período de implantação, no meio de uma pandemia, com quadro reduzido de docentes, os alunos são muito bem avaliados nos testes de progresso", acrescenta.

Outro pilar que sustenta as boas expectativas para o aceite da Faculdade de Medicina é manifestação favorável ao projeto por parte das três principais câmaras da universidade: as comissões de Orçamento e Patrimônio, de Legislação e Recursos e de Atividades Acadêmicas. Além disso, o processo de transferência, à Secretaria de Estado da Saúde, da gestão do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) e do Hospital das Clínicas, já foi consolidado.

Esta era uma condicionalidade para a implantação da Faculdade de Medicina, estabelecida pelo próprio CO, no passado, quando as tratativas visando instituir o curso foram conduzidas. "Com a mudança, a USP teve uma economia de recursos, que serão usados para criar a Faculdade de Medicina. Ou seja, o projeto não onera a universidade. Pelo contrário", frisa Marília.

Com todos os trâmites exigidos cumpridos e a expectativa de que o CO se manifeste favoravelmente, a USP já busca, inclusive, um espaço para a construção da sede da futura faculdade. Na terça-feira (3), a diretoria se reúne com a prefeita Suéllen Rosim (PSD) para tratar da possível doação do terreno onde fica o Tiro de Guerra, na quadra 2 da rua Silvio Marchione.

"O projeto é demolir o que está lá hoje e fazer um prédio novo, grande. E, para conectá-lo ao câmpus, faríamos uma passarela sobre a rua", completa a diretora, acrescentando que nomes para assumir a diretoria do curso de Medicina já estão sendo avaliados, com a possibilidade de a Reitoria designar um interino até a definição.