COLUNISTA

Os sete pecados capitais Parte V - Preguiça

Por Carlos Brunelli |
| Tempo de leitura: 3 min

Indolência, inatividade, frouxidão, negligência, lerdeza, vários são os sinônimos para a preguiça. Alguns extrapolam o conceito inicial de vagarosidade e aplicam uma intencionalidade ao gesto, classificando-o como malandragem ou vagabundice. Pouco importa se a origem é natural ou fabricada, mas não se engane com a preguiça; ela é muito mais forte que a momentânea ou persistente vontade de não fazer algo, tendo o poder de esvaziar a vida e deixá-la sem sentido.

Por isso mesmo, talvez dos pecados capitais ela seja considerada a mais destrutiva, pelo poderio de autocomiseração da alma, afastando-nos da realidade e da essência de nós mesmos. É uma incapacidade de reagir que sorrateiramente vai sugando as energias, causando desinteresse pela vida e exaurindo o espírito.

Dificilmente alguém entenderá como é possível o indivíduo recusar-se a aproveitar a vida, mas a depressão espiritual atinge mesmo aqueles que não teriam razões aparentes para abandonar o gosto pelas realizações. Histórias de pessoas com boa estrutura familiar, financeira e educacional, mas que possuem uma visão negativa de si mesmas e não encontram aconchego em sua existência aparecem a todo instante. Este sinal de alerta aponta para a falta de Deus na mente e no coração. Mas se o pecado da preguiça estabelece um vazio espiritual e, portanto, sinaliza um perigo, também pode representar uma oportunidade.

O período de pandemia pelo qual passamos recentemente pode ter jogado alguns em uma inércia não programada, mas que ao fim do ciclo de reclusão foi incorporada e não mais abandonada. Isto se refere não só aos afazeres cotidianos de trabalho e relacionamento social, mas também se estende ao de intimidade com Deus. A necessidade de isolamento temporário freou a convivência presencial com as coisas sagradas, transferindo-as para cultos solitários ou em pequenas comunidades familiares, onde nem todos talvez estejam no mesmo patamar de espiritualidade e envolvimento.

Daí ao abandono da salutar prática de um necessário e progressivo relacionamento da criatura com o Criador é um passo. Um passo desastroso, diga-se, mas remediável. A própria bíblia traz uma advertência contra a manutenção da preguiça. Em Provérbios 6:6-11, temos ensinamentos trazidos por Deus através de Salomão: "Vá ter com a formiga, ó preguiçoso! Observe os caminhos dela e seja sábio! Ela não tem chefe, nem supervisor, nem governante e ainda assim armazena suas provisões no verão e na época da colheita ajunta seu alimento". Através desse pequeno inseto, Salomão nos ensina o valor da disciplina e perseverança para obter paz no futuro.

E prossegue: "Um pouco de sono, um breve cochilo, braços cruzados para descansar e a sua pobreza o surpreenderá como um ladrão; e a miséria lhe virá como um homem armado". A repreensão é clara ao indicar os males advindos da permanência no estado de desânimo. A sólida estrutura mental e espiritual firmada na rocha que é Cristo não será alcançada, mas sorrateiramente substituída pela languidez, levando-o à ruína. A miséria - aqui no sentido de suas necessidades - então ser-lhe-á imposta pelo inimigo, que somente esperava sua deficiência, seu fraquejamento para atacar.

Uma vida diligente e proposital com Deus afasta a ameaça da incerteza, que nos leva à frouxidão da fé. Manter a musculatura da crença nas promessas divinas é fruto de exercícios diários de leitura da Palavra, reflexão nos estatutos e prática constante dos ensinamentos ministrados. Não há ganho sem persistência; a repetição e a continuidade é quem afasta o pecado da preguiça e, assim como com a formiga, abastece o nosso celeiro espiritual para tempos de tribulação.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL
61 anos atuando Soli Deo Gloria

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