TRAJETÓRIA

Lima quase trabalhou nos EUA, mas a vida o encaminhou para a política

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Chefe de gabinete, Rafael Lima (ao centro), durante evento com prefeitos da região
Chefe de gabinete, Rafael Lima (ao centro), durante evento com prefeitos da região

Chefe de gabinete da Prefeitura de Bauru, o engenheiro Rafael Lima Fernandes cresceu numa Agudos menor do que é hoje e acompanhou a expansão não só da cidade onde passou a infância, adolescência e parte da vida adulta, mas também de uma Bauru que, quando criança, enxergava como metrópole.

Lima cresceu numa família estruturada, sem luxos, mas nunca escondeu dos pais a vontade de sair de casa. "Queria ter meu próprio dinheiro", lembra. Estudou numa escola particular, no instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração, hoje o Objetivo de Agudos.

Já adolescente, quando na oitava série, se inscreveu para uma vaga na antiga Casa Moreira, hoje a unidade do supermercado Confiança na avenida Nações Unidas. Foi contratado.

"Eu morava perto do ponto de ônibus em Agudos e chegava da escola quase no horário da linha. Chegava em Bauru às 14h e ficava até 18h. Era empacotador, função que hoje já não existe em alguns lugares", conta.

Aos sábados, o trabalho começava pela manhã. E às vezes os empacotadores eram convocados a permanecer na jornada da tarde. "Era uma beleza. Ganhávamos almoço e o ganho do dia vinha dobrado. No final da tarde, sobravam salgados da padaria e dividíamos entre nós. Era uma festa".

Já no Ensino Médio, ingressou no curso técnico de informática e precisou deixar o trabalho. Mas não foi à toa: ele aprendeu os primórdios da programação e, no segundo ano do curso, começou um estágio numa escola do ramo. Detalhe: a vaga, não remunerada, era para auxiliar na reposição de aulas aos finais de semana. No domingo, por exemplo, ele abria a escola às 8h e saía às 18h.

Ele tinha pouco mais de 18 anos quando a MicroLins, empresa de cursos profissionalizantes, chegou a Agudos e abriu um processo seletivo para contratar professor de informática. Rafael fez a prova, passou e começou a trabalhar.

Pouco depois, uma indústria de induzidos de Pederneiras abriu vaga de estágio e convidou o então professor de informática para o trabalho. Ele cursava Administração na época e quase recusou a proposta - o estágio, afinal, pagaria menos do que a metade dos vencimentos do magistério. "Aceitei pensando na carreira", relata.

A decisão rendeu frutos. No segundo mês, ganhou aumento salarial. E progrediu na empresa. Mas foi convidado a uma entrevista de emprego na Volvo - um aceno que daria outro rumo à sua vida. Disputou a vaga com outras quatro pessoas, todas filhas de funcionários da multinacional, e acabou escolhido.

"Entrei como controlador de produção e coordenava esse setor numa fábrica de eixos que acabava de ser lançada", explica. Passou anos na função até que chegou a crise de 2008. "Houve várias demissões que afetaram funcionários com 30 anos de casa, por exemplo. Foi quando me convidaram para ser coordenador de logística", lembra. Foi quando Lima ganhou a primeira equipe para chamar de sua antes de se tornar supervisor.

A rotina empresarial o daria também momentos difíceis - muitos dos quais ele se lembra até hoje. "Um dos piores envolveu uma série de demissões que a diretoria exigiu. E tive de escolher entre um pai e um filho que trabalhavam empresa". Pesou na balança e decidiu poupar o filho, que tinha uma vida inteira pela frente e pôde permanecer na empresa.

Dias depois viveria um dos melhores momentos da carreira: encontrou o pai num supermercado e, meio desconcertado, o cumprimentou. O rapaz o abraçou. E agradeceu por manter seu filho. "Eu já tinha muito tempo de casa", disse a Rafael. A emoção foi inevitável.

Pela Volvo, Rafael conheceu o Brasil praticamente inteiro, países da América do Sul, França e a Coreia do Sul - para este último em específico ele nunca mais pretende voltar. "É uma boa experiência, mas muito cansativa", afirma. A maior conquista, no entanto, talvez tenha sido a graduação em engenharia de produção - que cursou enquanto trabalhava na empresa.

Chegou a receber um convite para trabalhar nos Estados Unidos. Claro que se animou com a proposta: a empresa daria a ele casa e locomoção, além do salário, e comunicou seu superior sobre o convite. Mas acabou gerando um mal-estar. "Ele [o superior hierárquico] ficou bravo porque a proposta foi enviada diretamente a mim, enquanto deveria passar por ele", lembra.

Ficou no Brasil. Decidiu deixar a Volvo depois de receber uma proposta melhor na Servimed, onde foi supervisor, e em 2016, depois das eleições, recebeu um convite para ser secretário de Educação do ex-prefeito Altair da Saúde (2017-2020), de Agudos. Era um mundo totalmente diferente do corporativo a que estava habituado. Mas topou. Em 2020, com a derrota de Altair nas urnas, se preparava para retornar à iniciativa privada e conheceu Suéllen Rosim, recém-eleita prefeita de Bauru. Está ao lado da mandatária até hoje.

Comentários

1 Comentários

  • Marcos Antônio de Souza Lima 16/09/2023
    Parabéns você e um homem professor nas sua carreiras e será um ótimo governador onde Deus de por