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OPINIÃO
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O sofrimento e a alegria de viver
O sofrimento e a alegria de viver
Por Paulo Cesar Razuk | 12/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min
O autor é professor titular aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Unesp - Bauru
Por Paulo Cesar Razuk
12/09/2023 - Tempo de leitura: 3 min
O autor é professor titular aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Unesp - Bauru
Nossa sociedade está repleta de discriminação, violência, desigualdade, ódio, ganância. As pessoas dominadas por essas coisas sofrem e fazem os outros sofrerem. A vida já é sofrida e curta, mas, a capacidade do homem para o mal a piora. De maneira geral, o homem usa esse sofrimento, que faz parte da vida, para justificar seu egoísmo e a busca por gratificação imediata.
Nossa tendência é sempre evitar a doença, o amargo e fugir do sofrimento. O amargo não pode ser doce, mas pode ser bom porque não conhecemos o verdadeiro gosto do doce até conhecermos o gosto do amargo. O amargo potencializa as dádivas e graças deste mundo que percebemos como doces.
Aceito o amargo, as coisas ruins e tristes sabendo que as coisas boas e alegres também são passageiras, na verdade, não é possível um comportamento sem o outro. O doce sempre tem restos amargos. A ânsia pelo doce é o mais amargo de todos os males, mesmo porque, nem tudo que é doce é bom, assim como, nem tudo que é amargo é ruim. O amargo mais amargo é o medo da morte e o tem aqueles que se apegam em demasia as coisas materiais. A morte, em si mesma, nada mais é que o acabamento da nossa natureza. Seria um absurdo que aquilo que somos fosse um mal ou nos levasse a amargura e a tristeza, pelo contrário, o mal, a amargura e a tristeza aparecem quando queremos ser o que não somos.
Assim como há uma conexão entre o amargo e o doce, há uma conexão profunda entre o sofrimento e a alegria. Sem sofrimento não há a verdadeira alegria de estar vivo, não há compaixão. Quando sofremos a tendência é pensar que, tudo nessa vida é sofrimento e miséria; quando sofremos se acredita que, ao se superar o sofrimento, se pode encontrar a alegria. Ledo engano em ambos os casos porque tudo é impermanente, passageiro e a alternância sempre existe.
Por isso quando o sofrimento estiver emergindo, esteja pronto para lhe dizer "olá" e estar com ele. Permita-se sofrer um pouco. Aceitá-lo pode minimizar seus efeitos. Foi o que fiz quando precisei de cirurgia para revascularização do miocárdio e eliminação de um prolapso muito importante da válvula mitral. Tive o privilégio de realizar essa intervenção no Instituto do Coração (o InCor) pelo SUS, após a avaliação dos seus cardiologistas e da necessária espera. Em um espaço de dez dias, entre enfermaria, centro cirúrgico, uti e enfermaria tive a oportunidade de observar o sofrimento de inúmeras pessoas. Daquele ofegante em busca de ar, com sérios problemas pulmonares; daquele garoto de dezenove anos que, aos doze já passou por um transplante pulmonar e sistematicamente precisa de auxílio médico; daquele com tumor na traqueia que, em plena madrugada, correu pelo corredor tentando respirar.
Tive a oportunidade de observar a paciência e a atenção de médicos e enfermeiras no cumprimento do protocolo requerido, sempre dedicados e focados ao máximo na tentativa de proporcionar a todos o melhor tratamento possível. Verdadeiros idealistas que, tocados por Deus, optaram e permanecem nessas profissões.
O Instituto do Coração, que une ciência e humanismo, é vinculado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), referência em cardiologia e pneumologia, sobrevive dos repasses da Universidade e do Estado. Mesmo padecendo de recursos, o InCor é solo fértil na produção de ciência, no desenvolvimento da área médica e de profissionais crescentemente qualificados.
Agradeço a Deus pelo que o InCor e o SUS me proporcionaram, mas, ficou visível a necessidade de uma valorização ainda maior desse Sistema pelos órgãos governamentais. Agradeço a minha esposa Alda pela companhia, sempre presente nos horários determinados. Agradeço aos colegas e amigos pelas orações que foram ouvidas e sentidas.
Dedico esse artigo ao dr. Claudir Turra do Instituto OftCor, pelo cuidado e apuro que o levou a detecção da minha cardiopatia; aos professores Livre Docentes drs. Charles Mady - um dos melhores cardiologista do país - e Bárbara Maria Ianni, ambos com atuação extremamente relevante no Instituto do Coração e a aquele que esteve com meu coração em suas mãos, o cirurgião professor doutor Ricardo Ribeiro Dias, responsável pelo Núcleo de Miocardiopatias e Doenças da Aorta do InCor - HCFMUSP e toda sua equipe.
Nossa sociedade está repleta de discriminação, violência, desigualdade, ódio, ganância. As pessoas dominadas por essas coisas sofrem e fazem os outros sofrerem. A vida já é sofrida e curta, mas, a capacidade do homem para o mal a piora. De maneira geral, o homem usa esse sofrimento, que faz parte da vida, para justificar seu egoísmo e a busca por gratificação imediata.
Nossa tendência é sempre evitar a doença, o amargo e fugir do sofrimento. O amargo não pode ser doce, mas pode ser bom porque não conhecemos o verdadeiro gosto do doce até conhecermos o gosto do amargo. O amargo potencializa as dádivas e graças deste mundo que percebemos como doces.
Aceito o amargo, as coisas ruins e tristes sabendo que as coisas boas e alegres também são passageiras, na verdade, não é possível um comportamento sem o outro. O doce sempre tem restos amargos. A ânsia pelo doce é o mais amargo de todos os males, mesmo porque, nem tudo que é doce é bom, assim como, nem tudo que é amargo é ruim. O amargo mais amargo é o medo da morte e o tem aqueles que se apegam em demasia as coisas materiais. A morte, em si mesma, nada mais é que o acabamento da nossa natureza. Seria um absurdo que aquilo que somos fosse um mal ou nos levasse a amargura e a tristeza, pelo contrário, o mal, a amargura e a tristeza aparecem quando queremos ser o que não somos.
Assim como há uma conexão entre o amargo e o doce, há uma conexão profunda entre o sofrimento e a alegria. Sem sofrimento não há a verdadeira alegria de estar vivo, não há compaixão. Quando sofremos a tendência é pensar que, tudo nessa vida é sofrimento e miséria; quando sofremos se acredita que, ao se superar o sofrimento, se pode encontrar a alegria. Ledo engano em ambos os casos porque tudo é impermanente, passageiro e a alternância sempre existe.
Por isso quando o sofrimento estiver emergindo, esteja pronto para lhe dizer "olá" e estar com ele. Permita-se sofrer um pouco. Aceitá-lo pode minimizar seus efeitos. Foi o que fiz quando precisei de cirurgia para revascularização do miocárdio e eliminação de um prolapso muito importante da válvula mitral. Tive o privilégio de realizar essa intervenção no Instituto do Coração (o InCor) pelo SUS, após a avaliação dos seus cardiologistas e da necessária espera. Em um espaço de dez dias, entre enfermaria, centro cirúrgico, uti e enfermaria tive a oportunidade de observar o sofrimento de inúmeras pessoas. Daquele ofegante em busca de ar, com sérios problemas pulmonares; daquele garoto de dezenove anos que, aos doze já passou por um transplante pulmonar e sistematicamente precisa de auxílio médico; daquele com tumor na traqueia que, em plena madrugada, correu pelo corredor tentando respirar.
Tive a oportunidade de observar a paciência e a atenção de médicos e enfermeiras no cumprimento do protocolo requerido, sempre dedicados e focados ao máximo na tentativa de proporcionar a todos o melhor tratamento possível. Verdadeiros idealistas que, tocados por Deus, optaram e permanecem nessas profissões.
O Instituto do Coração, que une ciência e humanismo, é vinculado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), referência em cardiologia e pneumologia, sobrevive dos repasses da Universidade e do Estado. Mesmo padecendo de recursos, o InCor é solo fértil na produção de ciência, no desenvolvimento da área médica e de profissionais crescentemente qualificados.
Agradeço a Deus pelo que o InCor e o SUS me proporcionaram, mas, ficou visível a necessidade de uma valorização ainda maior desse Sistema pelos órgãos governamentais. Agradeço a minha esposa Alda pela companhia, sempre presente nos horários determinados. Agradeço aos colegas e amigos pelas orações que foram ouvidas e sentidas.
Dedico esse artigo ao dr. Claudir Turra do Instituto OftCor, pelo cuidado e apuro que o levou a detecção da minha cardiopatia; aos professores Livre Docentes drs. Charles Mady - um dos melhores cardiologista do país - e Bárbara Maria Ianni, ambos com atuação extremamente relevante no Instituto do Coração e a aquele que esteve com meu coração em suas mãos, o cirurgião professor doutor Ricardo Ribeiro Dias, responsável pelo Núcleo de Miocardiopatias e Doenças da Aorta do InCor - HCFMUSP e toda sua equipe.
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#EDIÇÃO_577 - 28/09/2023

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Élida Viscelli
14/09/2023