COLUNISTA

Os Sete Pecados Capitais Parte 3 - Inveja

Hugo Evandro Silveira e-mail: hugoevandro15@gmail.com Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

09/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Por Carlos Brunelli

A cultura popular e muitos para-choques de caminhão estão repletos de frases sobre a inveja, sempre com uma característica comum: a de classificá-la ou subentendê-la como algo ruim. Nas mais diferentes definições encontradas sobre inveja há também um aspecto que se repete, qual seja o de ser um sentimento inerente ao homem.

De fato, animais não parecem sentir inveja uns dos outros, embora sua disputa para prevalecer na preferência de seu dono ou para conquistar algo material que esteja sob seu interesse e também no desejo de outro semelhante possa sugerir certo ciúme ou ambição. Então, a existência da inveja é de cunho particularmente humano.

Se é um sentimento inerente, então atinge ou é peculiar a todo ser humano; reside em todos nós; manifesta-se indistintamente, mas é prerrogativa individual deixar tal sensação crescer ou não em nosso íntimo. Em outras palavras, podemos deixar a inveja fluir ou sufocá-la; dar liberdade para que evolua ou mantê-la sob controle; permitir que ela domine ou dominá-la.

Um episódio bastante conhecido de inveja não controlada e que teve consequências desastrosas encontra-se no Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, logo em seus primeiros capítulos, quando narra o assassinato de Abel por seu irmão Caim. É o primeiro fratricídio de que se tem notícia, na história. Houvesse jornal naquela época e tal notícia certamente estamparia a primeira página.

Hoje notícias de crimes motivados pela inveja são corriqueiros, a ponto de ganharem ar de naturalidade e deixar de causar indignação. Não ocupam mais as primeiras páginas dos periódicos, mas sim páginas internas e de menor apelo e importância, quando não são relegadas a um cantinho qualquer do noticiário. Quantos homens especialmente - mas também algumas mulheres - não acabam por resolver suas questões de sentimento de posse, travestidas de amorosas, decretando a morte do rival? Essas pessoas permitem que suas emoções ofusquem a razão e, subjugados à síndrome de Caim, com insensibilidade, arrogância e egoísmo determinam a morte de um semelhante.

O pecado da inveja que atingiu Caim no princípio da formação da humanidade foi fruto da desimportância por ele conferida a Deus. Enquanto Abel trouxe ao Criador o melhor de sua atividade pecuária como oferta e sacrifício, seu irmão ofereceu apenas o básico de seu trabalho agrícola. Abel, em seu gesto, reconhecia a superlatividade divina, sua total dependência de Deus e dedicava a ele, em retorno, o melhor do que o próprio Senhor havia lhe dado. Caim, ao contrário, trouxe o que daria a qualquer um, colocando Deus num patamar de reverência inadequado e, portanto, tendo sua oferta desagradado ao Senhor.

Quando não se dá a Deus o devido reconhecimento de sua fundamental relevância em nossa vida, passando a acreditar que tudo provém dos próprios esforços e competência, vai-se afastando de sua graça e possibilitando que o pecado invada nosso ser e nos domine. A inveja é apenas um dos pecados que pode nos acometer por estarmos apartados da segurança e proteção divina, por nossa predisposição humana à autossuficiência. A inveja pode desencadear uma série de outros sentimentos abomináveis como a raiva, a intolerância, o ciúme doentio, a inconformidade em não ter suas necessidades atendidas, a tristeza por não possuir as mesmas aptidões ou posses de outra pessoa, a inadmissibilidade de não ser o centro de tudo.

Para se nutrir de amor e doá-lo aos outros indiscriminadamente, é preciso primeiro que a pessoa adquira certa dose de satisfação e gratidão por tudo que lhe foi dado de forma gratuita por Deus, seja em forma de conquistas, bens ou talentos. Somente reconhecendo a centralidade de Deus e oferecendo a ele um culto genuíno é que poderá dominar a inveja e outras sensações que levam a pecar contra o Criador e o semelhante.

IGREJA BATISTA DO ESTORIL

61 anos atuando Soli Deo Gloria

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