A soberba, mais comumente conhecida pelo seu sinônimo orgulho, é considerada a raiz de todos os pecados, pois ela seria a força motora da existência de todos os demais. É um sentimento de superioridade em relação às outras pessoas, levando seu portador à arrogância e uma autoconfiança exagerada.
Não sem razão, a bíblia traz em Provérbios 16:15 que "a soberba precede a queda". Ora, sabemos que a queda - a expulsão do ser humano do convívio harmonioso com o Criador - deveu-se à desobediência de Adão e Eva em não se alimentarem da árvore do conhecimento do bem e do mal. E qual o motivo da desobediência a não ser o da tentativa de adquirirem paridade com Deus em sabedoria e poder? Essa foi a "promessa" de satanás ao casal, caso transgredissem a única restrição imposta pelo Senhor, no Éden.
Elevar-se sobre tudo e sobre todos, esse arrogante sentimento de superioridade que perpassou a mente de nossos originários pais humanos ainda no Paraíso, também é, na atualidade, o que move muitos seres humanos a cometerem atrocidades, a pisarem sobre seus semelhantes em busca de um status de vantagens advindas da dominação. Dominação essa que, não raro, descamba para a opressão tirânica.
É só olhar à nossa volta para percebermos que essa é a marca registrada de uma multidão de pessoas em sua busca incessante e descontrolada pelo poder. A ambição desmedida em levar vantagem em tudo impulsiona corações e mentes, muitas vezes sem fundamento algum em fatos concretos, mas apenas pela altivez que comanda as intenções próprias da natureza humana, dando as costas ao fato de que somos todos criaturas geradas por obra e misericórdia divinas. "Em sua soberba, o perverso não investiga; tudo o que ele pensa é que Deus não existe". (Salmos 10:4)
Mas se são próprias da natureza humana, adquiridas e enraizadas desde a queda, como então controlar o sentimento de soberba? O antídoto parece estar na virtude que é contraposta ao orgulho: a humildade.
Uma pessoa humilde, ao contrário do que pensam alguns, não é o indivíduo desprovido de posses materiais, mas aquele consciente de suas próprias limitações, que age com modéstia e simplicidade. Em razão disso, repare que pessoas humildes normalmente se portam com sabedoria em vez de arrogância; tolerância e sensatez em lugar da intransigência; com serenidade, quietude e discrição, não com exaltação aparvalhada. São naturalmente bondosos, gentis e gratos, visto não agirem com maldade, aspereza ou falta de reconhecimento.
O maior exemplo de humildade é Cristo. Jesus - o próprio Deus que se fez carne e habitou entre nós - inicia seu aclamado Sermão do Monte com as bem-aventuranças e, dentre elas, a primeira é "Bem-aventurados os pobres de espírito" (Mateus 5:3). Ou seja, felizes os que se regram pela humildade, agindo com modéstia e simplicidade; com sabedoria e tolerância; com serenidade e gentileza; com bondade e gratidão; sem espírito de confrontação ou de subjugar o semelhante.
"Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmo. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus que, embora sendo Deus, esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens" (conf. Filipenses 2).