OPINIÃO

Pasternak e a Psicanálise

Por Wellington Anselmo Martins |
| Tempo de leitura: 1 min

Apesar da associação presente no título, Natalia Pasternak não é uma referência na Psicanálise. A sua especialidade é a microbiologia. Por isso gerou tanta repercussão que Pasternak, em seu novo livro "Que bobagem!", tenha feito afirmações depreciativas acerca dos trabalhos do médico Sigmund Freud.

Este caso lembra um outro ocorrido também polêmico, quando o físico britânico Stephen Hawking (1942-2018) declarou que "a Filosofia está morta". A brasileira igualmente chegou a tal caricatura ao comparar a Psicanálise de Freud com uma "Disneylândia discursiva".

Ora, como se sabe - apesar da desinformação de alguns cientistas -, a Filosofia segue viva e atuante e a Psicanálise jamais teve nada de patético em seus principais teóricos, a exemplo de Freud e Lacan. Essa soberba de cientistas é facilmente verificável no meio acadêmico.

Trata-se de um positivismo ingênuo, que vê a ciência como um tipo de saber superior, um tipo de "fetiche", como denominou o filósofo e cientista social alemão Jürgen Habermas em seu livro "Técnica e ciência como ideologia".

Por isso, infelizmente, não é raro ver tais cientistas tentando menosprezar outras formas de conhecimento humano, como a Filosofia, a Arte, a Religião e o Senso comum. Porém, esse desprezo fetichizado gera um alto custo acadêmico e cultural. Pois a ética e a epistemologia são especialidades da Filosofia e, exatamente por isso, desvalorizá-la é tão perigoso. Tal como ignorar a Psicanálise é fechar os olhos para todas as suas contribuições para a clínica, para a reflexão sobre saúde mental, que, historicamente, têm sido aproveitadas em inúmeros artigos científicos da própria Psicologia e Psiquiatria.

Comentários

Comentários