
O conteúdo pornográfico infantil que era armazenado por um estudante de Direito de 22 anos, preso em flagrante no Parque Viaduto, em Bauru, em 7 de junho último, ajudou a Polícia Civil a prender outros criminosos que violentavam e ameaçavam meninas menores de 18 anos, cooptadas por meio do Discord (aplicativo de chamadas de voz e vídeo), popular entre jovens. Outros dois suspeitos, de 20 e 22 anos, foram capturados na sexta-feira (23). Já o quarto investigado, de 19 anos, estava foragido e se apresentou em uma delegacia da Capital nesta segunda-feira (26).
Segundo o delegado Anderson Honorato dos Santos, da 2.ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Crimes Patrimoniais de Intervenção Estratégica (2.ª Disccpat/Deic), que participa das apurações, o grupo conhecia as vítimas no Discord e pedia fotos íntimas das garotas (chamadas de "nudes").
Depois, eles cometiam o "estupro virtual", ou seja, usavam o conteúdo recebido para chantageá-las a fazerem tarefas sádicas, como inserir objetos em suas partes íntimas e até se mutilarem. Caso não fizessem, eles ameaçavam divulgar as imagens. Em alguns casos, as meninas eram convencidas a "fugir de casa" para encontrar esses homens em São Paulo e, lá, eram estupradas e agredidas por um ou mais agressores. Esses atos, por vezes, foram transmitidos no grupo do Discord.
Ainda de acordo com o delegado, as investigações do caso começaram no início de maio, durante apurações do estupro de uma menina de 13 anos, na Capital. Ela relatou à polícia que foi violentada durante aproximadamente duas semanas por vários homens.
Neste inquérito, a polícia identificou o bauruense Vitor Hugo Souza Rocha, chamado de "Verdadeiro Vitor", suspeito de armazenar o material gerado neste grupo. Durante o cumprimento do mandado de busca no endereço dele, foram encontradas fotos dessa vítima da Capital - o que permitiu a prisão em flagrante do investigado -, bem como conteúdo pornográfico infantil de dezenas de outras meninas. Na ocasião, a operação contou com apoio do Setor de Investigações Gerais (SIG) de Bauru.
Segundo veiculou o programa Fantástico na noite deste domingo (25), vídeos mostram o "Verdadeiro Vitor" chamando os materiais de "backup das vagabundas estupráveis". Os arquivos eram separados em pastas com o nome de cada garota violentada. Quando preso, ele foi questionado a respeito da distribuição do conteúdo, mas negou. Todos os eletrônicos foram apreendidos e ainda estão sob perícia.
Os outros três homens presos já haviam sido identificados no curso do inquérito e são investigados por estupro de vulnerável e ameaça a meninas de vários Estados. Com a apreensão dos eletrônicos de todos eles e com a perícia dos materiais, será possível identificar várias outras vítimas e analisar a participação de cada um dos investigados nos delitos. Também há suspeita do envolvimento deles em homicídios, tráfico de drogas, entre outros crimes.
Questionado pelo JC, o Discord declarou que, no Brasil, 99,9% das comunidades nunca violaram as políticas da plataforma. "Temos tolerância zero para atividades que sejam potencialmente prejudiciais à sociedade e estamos comprometidos em garantir que seja um lugar positivo e seguro para todos", afirmou, em nota, Clint Smith, diretor de Política e Segurança.
"Por meio de nossos esforços em combater as ameaças à segurança infantil, nós proativamente removemos 98% das comunidades que identificamos nos últimos seis meses por mostrar material com abuso de crianças no Brasil", completou o diretor.
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FERNANDO 26/06/2023aposto q todos os envolvidos, por terem aversão a mulheres, são bolsonaristas