ATACADISTA

Primeiro atacadista do País, Makro encerra suas atividades em Bauru

Conforme o JC apurou, o prédio já foi vendido e não deverá voltar a funcionar como um estabelecimento comercial

14/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Tisa Moraes

Faixa em frente ao Makro informa que loja de Bauru encerrou atividades em 2 de junho
Faixa em frente ao Makro informa que loja de Bauru encerrou atividades em 2 de junho

Primeira rede atacadista no País e um dos pioneiros no segmento de atacarejo, o Makro encerrou suas atividades em Bauru. Localizada na rua Antonio Francisco Lisboa, no Jardim Contorno, a unidade já ostenta, em seus portões, faixas com o aviso de que foi fechada no último dia 2 de junho.

A loja local fazia parte do grupo remanescente de apenas oito estabelecimentos que não tinham sido vendidos até abril deste ano: além de Bauru, as instalações localizadas em Campinas, Franca, Praia Grande, Osasco, Ribeirão Preto, Santos e Vila Maria. Por meio de nota enviada ao JC, a assessoria de imprensa do Makro informou que a empresa não irá comentar o assunto.

Porém, conforme o JC apurou, o prédio já foi vendido e não deverá voltar a funcionar como estabelecimento comercial. Questionadas, as secretarias municipais de Planejamento e de Desenvolvimento Econômico informaram não terem recebido informações oficiais sobre a futura destinação daquela área.

No Brasil desde 1972, a rede Makro, pertencente ao grupo holandês SHV, já foi referência como atacadista, mas não resistiu às mudanças no setor. Até 2020, ainda somava 62 unidades abertas.

Porém, ainda naquele ano, 29 lojas foram adquiridas pelo Grupo Carrefour Brasil, em um investimento que totalizou R$ 1,95 bilhão. Já em 2022, o Grupo Muffato assumiu a operação de 16 unidades e 11 postos de gasolina da rede atacadista.

Empresas de consultoria de gestão ouvidas nos últimos meses por veículos de imprensa avaliam que a rede não conseguiu sobreviver ao processo de expansão, nos últimos anos, do segmento de atacarejo - expressão que unifica as palavras "atacado" e "varejo".

COMPETITIVIDADE

Neste modelo, os consumidores podem comprar em grandes quantidades ou em volumes menores. E, por conta do formato, os preços, normalmente, são mais atrativos nas duas modalidades. E, para se ter ideia, em 2022, já havia mais de 2 mil lojas com este perfil no País.

Já a rede Makro, por muitos anos, só efetuou vendas no atacado, para pessoas jurídicas. E, ainda que tenha aberto suas portas para o consumidor final, aceitando cartões de crédito e débito, acabou não conseguindo resistir à intensa competitividade do setor.

"O Makro foi o primeiro atacadista com o modelo de autosserviço, mas, por muito tempo, só quem tinha CNPJ podia comprar nas lojas da rede. E, quando surgiu o formato de atacarejo, ele seguiu a tendência, mas com uma estrutura antiga, completamente diferente desta nova geração, que veio mais focada em alimentos perecíveis, o que não era o caso do Makro", descreve Walace Sampaio, presidente do Sindicato do Comércio de Bauru e Região (Sincomércio).

De acordo com ele, além de ser funcionado como a "semente" para o surgimento dos atacarejos, a empresa teve papel importante, em suas décadas iniciais de atuação, para abastecer comerciantes e empresários dos mais diversos segmentos. "Ela trouxe uma série de produtos importados, especialmente bebidas, que não existia no Brasil. Creio que, em Bauru, abriu sua unidade ainda na década de 1970 e, até uns 20 anos atrás, era responsável por abastecer bares e restaurantes de toda a região. Teve uma força muito grande", completa.

 

 

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