CULTURA

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Como a cantora Ana Castela furou a bolha do sertanejo com o funk e o agronegócio

Como a cantora Ana Castela furou a bolha do sertanejo com o funk e o agronegócio

Por Guilherme Luís/FolhaPress | 24/05/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Por Guilherme Luís/FolhaPress
24/05/2023 - Tempo de leitura: 2 min

Cantora Ana Castela

O empresário de Ana Castela teve certeza de que ela levava jeito para os palcos quando se deparou com um vídeo em que ela canta montada num cavalo. Três anos se passaram até que ele visse uma imagem parecida viralizar na internet. A diferença é que, desta vez, Castela cantava em cima da estátua de um cavalo, com cinco metros de altura, de frente para 70 mil pessoas. A multidão assistia à cantora gravar seu primeiro DVD numa madrugada gelada do início de maio em Santa Terezinha de Itaipu, cidade paranaense que fica na divisa entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai. Castela cantou por quatro horas, convidou nomes como Gustavo Mioto e a dupla Matheus & Kauan, fez coreografias complicadas e trocou de look quatro vezes. Parecia uma diva pop, mas cantando sertanejo.

Foi apostando nesta mistura que ela deu o pontapé em sua carreira. Lançada há um ano, "Pipoco" une o jeitinho caipira de Castela com o funk de MC Melody e as batidas de DJ Chris no Beat. A música catapultou o agronejo, vertente do sertanejo com sonoridade eletrônica e exaltação da figura do fazendeiro. Deu certo. A faixa passou mais de dois meses no topo da lista de músicas mais ouvidas no Spotify e levou o sertanejo a lugares onde o gênero não costuma tocar, caso das baladas voltadas ao público LGBTQIA , que tocaram "Pipoco" à exaustão.

Mas Castela quase destruiu sua relação com este público. Às vésperas das eleições, um vídeo com referências a Jair Bolsonaro foi exibido na abertura de um show dela. O telão exibia imagens da bandeira do Brasil e contagem regressiva a partir do número 22, o do então presidente nas urnas. Quando a contagem chegou ao 13, o algarismo foi substituído por 12 1. Com vídeos da apresentação viralizando na internet, ela culpou a produtora pela intervenção política. A organização do evento emitiu comunicado assumindo a responsabilidade. Em entrevista por videoconferência, Castela diz ter chorado muito quando soube da polêmica. "Não fui eu. Nunca me envolvi em política nem vou. Se virem alguma coisa [sobre política] relacionada ao meu nome, não fui eu quem fiz ou falei. Não quero saber de política. Não tenho idade para isso. Acabei de fazer 19 anos. Foi a primeira vez que votei. Estou aqui para mostrar minha música."

Nascida em Sete Quedas, em Mato Grosso do Sul, Castela cresceu numa região dominada pelo agronegócio. Quando criança, ela se dividia entre a cidade e a fazenda dos avós, onde aprendeu a cavalgar e a fazer as tarefas do campo sobre as quais canta em seu repertório.

O empresário de Ana Castela teve certeza de que ela levava jeito para os palcos quando se deparou com um vídeo em que ela canta montada num cavalo. Três anos se passaram até que ele visse uma imagem parecida viralizar na internet. A diferença é que, desta vez, Castela cantava em cima da estátua de um cavalo, com cinco metros de altura, de frente para 70 mil pessoas. A multidão assistia à cantora gravar seu primeiro DVD numa madrugada gelada do início de maio em Santa Terezinha de Itaipu, cidade paranaense que fica na divisa entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai. Castela cantou por quatro horas, convidou nomes como Gustavo Mioto e a dupla Matheus & Kauan, fez coreografias complicadas e trocou de look quatro vezes. Parecia uma diva pop, mas cantando sertanejo.

Foi apostando nesta mistura que ela deu o pontapé em sua carreira. Lançada há um ano, "Pipoco" une o jeitinho caipira de Castela com o funk de MC Melody e as batidas de DJ Chris no Beat. A música catapultou o agronejo, vertente do sertanejo com sonoridade eletrônica e exaltação da figura do fazendeiro. Deu certo. A faixa passou mais de dois meses no topo da lista de músicas mais ouvidas no Spotify e levou o sertanejo a lugares onde o gênero não costuma tocar, caso das baladas voltadas ao público LGBTQIA , que tocaram "Pipoco" à exaustão.

Mas Castela quase destruiu sua relação com este público. Às vésperas das eleições, um vídeo com referências a Jair Bolsonaro foi exibido na abertura de um show dela. O telão exibia imagens da bandeira do Brasil e contagem regressiva a partir do número 22, o do então presidente nas urnas. Quando a contagem chegou ao 13, o algarismo foi substituído por 12 1. Com vídeos da apresentação viralizando na internet, ela culpou a produtora pela intervenção política. A organização do evento emitiu comunicado assumindo a responsabilidade. Em entrevista por videoconferência, Castela diz ter chorado muito quando soube da polêmica. "Não fui eu. Nunca me envolvi em política nem vou. Se virem alguma coisa [sobre política] relacionada ao meu nome, não fui eu quem fiz ou falei. Não quero saber de política. Não tenho idade para isso. Acabei de fazer 19 anos. Foi a primeira vez que votei. Estou aqui para mostrar minha música."

Nascida em Sete Quedas, em Mato Grosso do Sul, Castela cresceu numa região dominada pelo agronegócio. Quando criança, ela se dividia entre a cidade e a fazenda dos avós, onde aprendeu a cavalgar e a fazer as tarefas do campo sobre as quais canta em seu repertório.

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