SALÁRIO MÉDIO

Renda média do trabalhador formal de Bauru fica em torno de R$ 3 mil

Estudo sobre cidades paulistas considera o valor ruim, inferior ao de municípios de porte semelhante, como Jundiaí e Piracicaba

Por Tisa Moraes | 07/05/2023 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação

Arquivo pessoal

Coordenador do estudo, Antonio Clóvis Pinto “Coca” Ferraz: Bauru tem bom índice de empregabilidade (veja quadro e foto no final)
Coordenador do estudo, Antonio Clóvis Pinto “Coca” Ferraz: Bauru tem bom índice de empregabilidade (veja quadro e foto no final)

O salário médio do trabalhador de Bauru com carteira assinada fica próximo de R$ 3 mil, conforme revelou pesquisa publicada recentemente pelo Núcleo de Estudos das Cidades (NEC), constituído por professores do câmpus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) de Jaú. O dado também é confirmado por levantamento da Fundação Seade.

Segundo o estudo "Comparação do nível de desenvolvimento dos municípios paulistas de maior porte", elaborado pelo NEC, a renda média dos trabalhadores formais da cidade foi de 2,73 salários mínimos entre 2018 e 2020, o que correspondeu a R$ 2.727,00 mensais. A pesquisa, que abarca os 41 municípios paulistas com população acima de 200 mil habitantes, classifica o resultado ruim, deixando Bauru na 30.ª posição do ranking que trata deste indicador.

A cidade ficou atrás, por exemplo, de municípios de porte semelhante, como Jundiaí (R$ 3.366,00) e Piracicaba (R$ 3.227,00). "O que nos chama atenção é que, considerando a população ocupada, Bauru aparece como ótimo, na sétima posição. Ou seja, a cidade tem um bom índice de empregabilidade, mas, na média, remunera mal", descreve o professor da USP de São Carlos e coordenador do estudo, Antonio Clóvis Pinto "Coca" Ferraz.

Já o dado mais recente do Seade aponta que, em 2021, o rendimento médio do trabalhador bauruense chegou a R$ 2.958,00, englobando um estoque de cerca de 131,4 mil empregados formais. "Bauru tem a característica de contar com muita prestação de serviço no setor privado, com concentração de empresas de recuperação de crédito. A indústria paga melhor, mas representa cerca de 17% do PIB da cidade. Os maiores salários ficam concentrados no setor público estadual e federal", descreve o economista Reinaldo Cafeo.

Os rendimentos mais robustos, segundo o Seade, são destinados a quem trabalha no ramo de eletricidade, gás e outras utilidades (R$ 9,4 mil); Correios (R$ 9,4 mil); atividades de serviços financeiros (R$ 9,3 mil) e educação (R$ 4,8 mil). Também são melhor remunerados os que possuem ensino superior (R$ 5.201,00).

Já quem possui o ensino médio completo ganha, em média, R$ 2.354,00, e quem tem o fundamental incompleto, R$ 2.215,00. Do total de empregados, 14,8% atuam no comércio varejista, 12% em serviços de escritórios e de apoio administrativo, 6,8% em obras de infraestrutura, 6,8% na área de saúde, 5,1% na administração pública e 5% na educação.

O estudo do NEC aponta, ainda, que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Bauru também é ruim, de R$ 39.944,30 anuais por habitante, na média que considera o intervalo de 2018 a 2020. Neste indicador, a cidade ficou em 28.º lugar no ranking dos 41 municípios, atrás, mais uma vez, de localidades de mesmo porte, como Jundiaí (R$ 112.795,86, na segunda colocação) e Piracicaba (R$ 67.193,01, na quarta posição).

O levantamento elaborado pelo NEC considera indicadores nos eixos de saúde, educação, segurança, meio ambiente, mobilidade e finanças públicas, além de economia, que engloba dados do PIB per capita e do salário médio no trabalho formal. Assim como estes últimos, os dois primeiros segmentos também preocupam em Bauru.

A educação no município, abarcando dados do Ideb e da escolaridade dentro do Índice Paulista de Responsabilidade Social, foi classificada como ruim, deixando a cidade na 30.ª posição deste ranking. "A nota média do Ideb das três últimas avaliações, de 2017, 2019 e 2021, do quinto ao nono ano, foi péssima (5,45). Um dado como este serve para a prefeitura avaliar o que pode estar acontecendo e buscar corrigir eventuais problemas para este indicador melhorar", aponta o professor Antonio Clóvis Pinto "Coca" Ferraz.

Na 22.ª colocação, a saúde foi conceituada como regular, com atenção para a taxa de mortalidade infantil, de 10,95 mortes para cada 1 mil nascidos vivos, patamar considerado ruim. Neste mesmo eixo, a longevidade média de 72 anos e a taxa de mortes por Covid-19, de 385 óbitos para cada 100 mil habitantes (até janeiro de 2023), foram resultados tidos como regulares.

"Junto com Franca, São José do Rio Preto tem a taxa de mortalidade infantil mais baixa, de 7,56 mortes, além de também registrar a maior longevidade, de 77 anos", pondera. Na classificação global, composta por todos os sete eixos para retratar o nível de desenvolvimento e qualidade de vida dos municípios, Bauru ficou em 22.º lugar, com desempenho regular.

Economista Reinaldo Cafeo: maiores salários ficam concentrados no setor público estadual e federal (crédito: JC Imagens)
Economista Reinaldo Cafeo: maiores salários ficam concentrados no setor público estadual e federal (crédito: JC Imagens)

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