BAURU

Entrevista da Semana: Roberto Abramides Gonçalves; ele atua pelo bem

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Tisa Moraes
Roberto Abramides Gonçalves Silva coordena vários projetos
Roberto Abramides Gonçalves Silva coordena vários projetos

Foi para cumprir uma promessa que o advogado Roberto Abramides Gonçalves Silva, 53 anos, ajudou um amigo a concluir a construção de uma creche, há cerca de sete anos, e, desde então, não parou mais de apoiar crianças e adolescentes em Bauru. Diretor de esportes do Bauru Tênis Clube (BTC), ele criou e ajuda a financiar, por meio do escritório do qual é sócio-proprietário, o Abramides Gonçalves Advogados, projetos sociais que oferecem aulas e materiais de judô e caratê para mais de 100 crianças, boa parte delas oriunda de famílias de baixa renda.

Também no clube, coordena outro projeto, custeado pelo governo do Estado, em que 100 crianças com poucas condições financeiras aprendem a jogar tênis. Já na Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA), instituiu e ajuda a manter a ABDA Filarmônica, que conta com 340 alunos. Quando não está fazendo ações benemerentes, Roberto divide o tempo com a esposa Daniela e os filhos Rafael, Pedro e João Gabriel e com a advocacia empresarial, ramo em que construiu sólida carreira.

Seu escritório, hoje, conta com 250 funcionários, sendo cerca de 90 advogados em unidades distribuídas no Estado e em Belo Horizonte. Nascido em Bauru, filho de advogado e uma professora de música, Roberto fala, nesta entrevista, de seu apreço pela arte e pelos esportes, revela o que o move a investir esforço e recursos para transformar vidas, assim como do sentimento recompensador, em forma de agradecimento, por meio da "verdade nos olhos de uma criança".

JC - Por que decidiu atuar em direito empresarial?

Roberto - Na década de 1990, houve uma tendência de terceirização de serviços jurídicos. Meu atual sócio e amigo de juventude, Bruno Henrique Gonçalves, e outra advogada, que não faz mais parte desta sociedade, estavam saindo da então Brahma de Agudos e tivemos a oportunidade de atender este cliente via terceirização. Em 1994, fundamos nossa empresa, o escritório Abramides Gonçalves Advogados. Foi o momento mais importante da minha carreira. Começamos já com um grande cliente, de forma local. Depois, foram surgindo outros. Hoje, atendemos ao menos uns 20 clientes de grande porte, que são empresas conhecidas nacionalmente.

JC - Você é responsável pela criação do projeto ABDA Filarmônica, correto? Conte um pouco sobre ele.

Roberto - Minha mãe é professora de música. Ela toca piano, assim como meu filho mais novo, e isso foi um dos motivos que me levaram a desenvolver este projeto. O Cláudio Zopone (mantenedor da ABDA) e eu fazemos parte de um grupo de amigos e, durante um jantar, ele deu a ideia e decidimos investir nesta iniciativa. Em 2017, tornamos a ABDA Filarmônica realidade e sou um dos mantenedores desde a fundação. Compramos os instrumentos, temos professores contratados e, hoje, as aulas ocorrem em um prédio da rua Rubens Arruda. São 340 crianças e adolescentes de 7 a 18 anos, a grande maioria oriunda de famílias de baixa renda. Eu aprendo muito lá.

JC - Quando tem a oportunidade de acompanhá-los, que retorno recebe?

Roberto - Eles fazem apresentações anuais no Teatro Municipal, na sede da ABDA, às vezes no BTC. E a gente recebe um feedback positivo dos familiares, que agradecem muito. Têm crianças que já estão no projeto há alguns anos, por gostarem. A gente sente que está proporcionando uma oportunidade e gerando esperança, porque elas e suas famílias sabem que tem alguém que se importa.

JC - Você também pratica esportes? Quais?

Roberto - Na minha juventude, joguei bastante vôlei, inclusive na Luso e também pela ITE, nos Jogos Jurídicos. Mas, por força dos estudos, acabei parando de participar dos torneios. Pratiquei natação também. Esporte é algo que sempre estimulei nos meus filhos. O mais novo faz tênis no BTC até hoje e, até para poder jogar com eles, comecei a praticar esta modalidade também. Tenho amigos de infância com quem jogo tênis em duplas no clube. Virou um hobby.

JC - O que te motivou a se tornar diretor do clube?

Roberto - Fui convencido a me tornar diretor de tênis, há três ou quatro anos. Depois, me tornei diretor de esportes e, hoje, ajudo nas demais modalidades. Surgiram oportunidades para ampliar as políticas sociais no clube e houve concordância de toda a diretoria, que tem a preocupação de fazer este trabalho social, além de desenvolver atletas vencedores. Ajudei a implantar dois projetos, de judô, em 2019, e caratê, há um ano e meio, os quais minha empresa ajuda a patrocinar para a aquisição de quimonos, faixas, pagamento de inscrições em torneios. Estamos com 80 alunos de caratê e 45 de judô, de 7 a 18 anos, em sua maioria vinda de famílias carentes.

JC - Você também ajudou a implantar um projeto para aulas de tênis. Como está sendo esta experiência?

Roberto - É um projeto social patrocinado pelo governo estadual, que eu coordeno. Começamos em fevereiro de 2022 e iria durar um ano, mas conseguimos prorrogar por mais meio. Temos dois professores, psicóloga e, para alguns jovens de alto rendimento, uma personal. São 100 alunos de famílias de baixa renda. O BTC também tem alunos carentes em outro projeto de tênis, chamado PIT, e em aulas de xadrez e futsal. Também recebemos alunos da ABDA, do polo aquático e da natação. Somados, são cerca de 500 a 600 crianças e adolescentes e vários já estão conseguindo conquistar medalhas.

JC - O que te motiva a fazer este trabalho?

Roberto - Eu tive oportunidades na vida e me sinto realizado. Mesmo Bauru sendo uma cidade rica e evoluída, em comparação com os padrões nacionais, ainda há muita carência. E, dentro daquilo que posso ajudar, consciente das minhas limitações, eu faço. É muito recompensador o carinho que a gente recebe, ver a verdade nos olhos de uma criança. Comecei cumprindo uma promessa, há uns sete anos, por conta de uma dificuldade no trabalho. Como tudo deu certo, concluí, junto com um amigo, a construção de uma creche na Vila São Paulo, iniciada por um outro grande amigo. Tivemos um retorno positivo, comecei a pegar gosto por isso e nunca mais parei.

Roberto com a esposa Daniela e os filhos João Gabriel, Rafael e Pedro
Roberto com a esposa Daniela e os filhos João Gabriel, Rafael e Pedro
Roberto entrega medalhas a alunas do BTC
Roberto entrega medalhas a alunas do BTC
Carlos Bonfim, Carlinhos Oliveira, Roberto Abramidies, Nathália Sanches e Mariana Vidal no projeto social de tênis no BTC
Carlos Bonfim, Carlinhos Oliveira, Roberto Abramidies, Nathália Sanches e Mariana Vidal no projeto social de tênis no BTC

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