CIÊNCIA

Sabes degustar a alegria alheia?

Por Alberto Consolaro | 08/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC

Um sonho psicodélico me fez refletir sobre a missão terrestre! Qual é a sua?
Um sonho psicodélico me fez refletir sobre a missão terrestre! Qual é a sua?

O sol teimava em dizer: - acorde! Sentei e relembrei o sonho, uma coisa rara em mim. Era um lugar galáctico com aldeias interligadas, incluindo a Terra. Ao chegar, passava-se pelo portal da sabedoria com computadores, inteligência artificial e anciões, analisando duas respostas para checar se merecia ou não a condição de sábio aprendiz.

RESPOSTAS SINCERAS

1. “Descobriu qual foi a sua missão na Terra?” Respondi que a vida dava sinais que a missão era ensinar, estimular e induzir as pessoas a buscar o conhecimento para conseguirem autodeterminação em saber. E atrevido, disse que continuaria a missão com a maior felicidade e a cada dia ensinaria com mais entusiasmo. Queria minhas ideias lustrando os diamantes oculares na face daqueles que aprendiam e que os resultados de meus estudos inquietassem e induzissem ainda mais a busca do novo.

2. “Qual reação das pessoas que mais te impactou na sua missão?” As pessoas do convívio não entendem o escritor, professor ou jornalista e querem você só para elas, não querem dividir nem a sua alegria! As pessoas não são solidárias na alegria, apesar de os serem na tristeza! Apesar de boas e generosas, não conseguem ver o que é o pico máximo da bondade é a “solidariedade na alegria”! Dividem a tristeza da morte e dão força na tragédia, mas não conseguem solidarizar-se com o sucesso do outro, colocando defeito, restrição e apontando riscos!

Sempre fui muito concentrado na missão, mas como reclamam outros escritores, jornalistas e intelectuais em suas biografias, sempre havia incompreensões dos que lhes cercavam. Alguns intelectuais, como se chamam os que vivem do pensar, viveram como freis, lobos solitários ou ursos polares!

E CONTINUEI

Na alegria da realização, parece que os humanos ficam com ciúmes ou inveja!  Te cobram o tempo que não estás com elas, que não precisa delas só porque estás feliz não por causa delas ou não precisou delas! Frases como: você não precisa de mim para ser feliz, são ditas nestas horas. Te querem para elas e não para você ler, rir, jogar, trabalhar e se realizar!  Elas não querem você para você, nem para repartir você com você mesmo. Seria isto amor ou desamor?

Aprendi que o bom senso não faz parte da arte de criar, ensinar e doar-se! A entrega ao escrever tira o bom senso! Não dá para ser burocrático na arte, pensar, ler, estudar e escrever!  Como vômitos aos cântaros, não dá para parar o que a inspiração te deu agora e recomeçar daqui a pouco ou amanhã. Há entrega mental plena nesta arte e ciência! Talvez a atividade mental e sentimental seja como nascente de rio. Dá para controlar o jorrar das águas algumas vezes, mas a bica e nascente pode secar de uma hora para outra! Nunca mais naquele lugar brotará flores, árvores e vida como água. Quem nunca viu, nem perceberá que aquela mente foi uma fonte ceifada pelas foices do egocentrismo alheio!

Já vi mentes criativas e amigas do saber, sendo castradas pela falta de paz e serenidade nos seus dias. Isto me assustou muito: pessoas não deixavam a outra ser feliz na alegria de criar e pensar. Eu aprendi que ser solidário para valer é na alegria do outro, pois na tristeza é fácil, pois o outro está por baixo e infeliz e lá vem o “solidário” se mostrar superior e “bondoso”.

SURPRESA

Nesta hora, o painel da aldeia galáctica iluminou se mais ainda e lia-se: “Procurou ser solidário na alegria, e na tristeza e tragédia, foi generoso!” A cor do ambiente mudava de acordo com os pensamentos da pessoa em análise, inclusive os escritos do painel. Espantado olhei para os agentes celestiais que perguntaram: entendeu qual foi o seu papel na Terra? Me senti premiado e logo comecei a descrever o sonho para comemorar meu aniversário. Ainda bem que na vida ganhei novas chances para aprender a ser feliz, ufa!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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