A 5.ª MELHOR

Bauru está entre as cinco melhores cidades brasileiras em capital humano

Por Tisa Moraes | da Redação
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Divulgação
Kamyle Medina destaca que o município avançou em relação ao resultado do ano passado
Kamyle Medina destaca que o município avançou em relação ao resultado do ano passado

Bauru foi classificada como a quinta melhor cidade do Brasil em capital humano no relatório de 2023 elaborado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) do governo federal, com apoio da Endeavor. Por lançar profissionais com formação de excelência ao mercado de trabalho, a cidade só ficou atrás de Florianópolis (SC), Vitória (ES), Santa Maria (RS) e Porto Alegre (RS), sendo, portanto, o município com mais mão de obra qualificada no Estado e o segundo entre as localidades do Interior do País.

O levantamento considera as 101 cidades mais populosas do Brasil e analisa dados disponíveis no ano anterior, ou seja, 2022. Contempla, além do capital humano, outras seis áreas determinantes para o fomento do ambiente de negócios - ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação e cultura empreendedora - que, juntas, compõem o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2023. Neste ranking geral, Bauru ficou na 48.ª colocação.

O fato de a cidade ser polo universitário, com muitas instituições de ensino superior, tanto públicas quanto privadas, contribuiu para o resultado de destaque em capital humano. Neste item, aliás, o município vem figurando em posição relevante em edições anteriores, mas avançou em relação ao resultado do ano passado, quando ficou na 18.ª posição.

NEGÓCIOS

Segundo Kamyle Medina, coordenadora-geral de pesquisa da Enap, a cidade galgou muitos degraus no ranking, principalmente devido à melhora de notas no Enem e também em relação ao aumento da taxa líquida de matrículas no ensino médio. "Ambos os dados são de 2021. A capacitação destes estudantes é muito importante porque eles serão a força de trabalho da cidade para fazer negócios vantajosos, que ofereçam serviços e produtos de qualidade", descreve.

No relatório da Enap, consta que a maior abundância de capital humano em uma cidade pode impactar positivamente o empreendedorismo por três meios: primeiro, aumentando a chance de êxito dos negócios, pois é mais provável que o empreendedor seja, na média, mais capaz; segundo, como a mão de obra disponível tem melhor qualificação, o empreendedor poderá alocar recursos e coordenar atividades de forma mais eficiente.

Por fim, se o nível educacional das pessoas é melhor, o que, por sua vez, permite a oferta de serviços e produtos mais sofisticados, a economia local pode se beneficiar de redes de relações sociais que se organizam no desenvolvimento do empreendedorismo.

INDICADORES

Além da nota do Enem e do número de matriculados no ensino médio, para formar o ranking sobre capital humano, o Enap considera indicadores como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a proporção de adultos com o ensino médio completo e dos que terminaram o curso superior, taxa de pessoas matriculadas no ensino técnico e profissionalizante e o custo médio dos salários dos dirigentes. Este último item tem efeito inverso no ICE, porque, quanto maior os vencimentos dos dirigentes, menor é o incentivo para empreender no município.

De acordo com Kamyle, o levantamento visa dotar os gestores públicos de informações com o objetivo de ajudá-los na tomada de decisões voltadas a ampliar o desenvolvimento do empreendedorismo em seus municípios. "Eles podem identificar os pontos de atenção, fazer comparações com cidades vizinhas, procurar saber o que as melhores ranqueadas estão fazendo, e priorizar políticas nesta área", descreve.

'Por ser polo universitário, município retém profissionais qualificados', afirma especialista em gestão de pessoas

Apesar de competir, hoje, com cidades de todo o Brasil e também do mundo, as empresas de Bauru têm conseguido, com certa eficiência, reter talentos no município. A avaliação é de Débora Scardine da Silva Pistori, professora da Unisagrado e especialista em gestão estratégica de pessoas.

Para ela, como Bauru aglutina diversas instituições de ensino superior, que atraem estudantes de várias partes do País, há maior probabilidade de a cidade contar com trabalhadores qualificados. "Por ser polo universitário, tem uma vantagem. Especialmente estudantes de cidades menores, quando se formam, podem enxergar no município uma oportunidade de crescimento na carreira e acabarem se fixando aqui', diz ela, que é formada em administração e mestre em engenharia de produção.

Além disso, por abrigar instituições que ofertam cursos técnicos e profissionalizantes, acaba por incrementar ainda mais seu capital humano. Débora pondera, contudo, que a popularização do home office, ocorrida no contexto da pandemia de Covid-19, ampliou a concorrência entre as empresas, visto que até mesmo multinacionais sediadas em outros países podem contratar moradores de Bauru em trabalho remoto.

"Na área de tecnologia de informação, por exemplo, isso é muito comum. E grandes indústrias da região também fazem contratações a distância para cargos administrativos", comenta. Ainda de acordo com a professora, a retenção de talentos não passa somente por uma remuneração atrativa, mas também pelo trabalho desenvolvido pelas empresas para aprimorar a formação de seus trabalhadores e fazer com que se mantenham desafiados, com oportunidades de crescimento profissional.

Débora Scardine da Silva Pistori: retenção de talentos vai além da remuneração atrativa (crédito: Arquivo pessoal)
Débora Scardine da Silva Pistori: retenção de talentos vai além da remuneração atrativa (crédito: Arquivo pessoal)

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