GOLPE DO SEGURO

Falsa comunicação de roubo de celular cresce e está na mira da Polícia Civil

Por Larissa Bastos | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Vinicius Bomfim/JC Imagens
Delegado titular da Deic, Ricardo Silva Dias, ressalta que a maioria dos seguros só contempla aparelhos levados durante roubo
Delegado titular da Deic, Ricardo Silva Dias, ressalta que a maioria dos seguros só contempla aparelhos levados durante roubo

A Polícia Civil de Bauru está 'de olho' em uma estratégia de fraude que está se popularizando na cidade. Trata-se da falsa comunicação de roubo de celular para aplicar o golpe do seguro. Somente entre 1 de janeiro e 15 de março deste ano, a instituição identificou oito casos desse tipo no município. No ano passado inteiro, foram 11 ocorrências. Quando descobertos, os autores podem ser processados e até responder criminalmente.

Ricardo Silva Dias, delegado divisionário da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), onde os roubos registrados em Bauru são apurados, avalia que tem crescido a adesão de seguros para celulares nos últimos anos. No entanto, a maioria dos contratos prevê assistência somente se o aparelho for levado durante assalto, ou seja, mediante violência ou grave ameaça.

Já nos casos em que o dispositivo é perdido ou furtado - quando o proprietário não percebe quem fez a subtração ou não há violência ou grave ameaça no crime -, o seguro não pode ser acionado.

"Por isso, nas ocorrências que constatamos, a pessoa tinha seguro contra roubo, mas foi furtada, perdeu o celular ou quebrou a tela. Em alguns casos, a pessoa até penhora o aparelho na biqueira em troca de drogas e tenta alegar à polícia que foi roubada para poder apresentar o boletim de ocorrência (BO) à seguradora para ter acesso ao dinheiro e consertar o celular ou comprar outro", acrescenta Cledson do Nascimento, delegado da 1.ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) da Deic.

DEPOIMENTOS

Porém, quando um BO é registrado, os policiais buscam ouvir a versão das vítimas para entender melhor como o crime aconteceu e, a partir disso, localizar e prender possíveis autores, bem como intensificar o patrulhamento em áreas onde os números apontam índices maiores de violência.

"E é no momento da entrevista que conseguimos identificar inconsistências nas descrições dos fatos dessas supostas vítimas. Por fim, quando se enrolam demais, acabam confessando que o crime não ocorreu e que tinham a intenção de dar o golpe do seguro", detalha Nascimento.

Para Ricardo Silva Dias, a principal consequência da falsa comunicação é o "desperdício de trabalho". "Acabamos perdendo tempo e recurso ao investigar um crime que nunca aconteceu, enquanto poderíamos estar investigando crimes reais. É importante que as pessoas saibam que registrar um BO falso escondidas atrás de um computador não as isentará, de maneira alguma, da responsabilização criminal", finaliza.

REDUÇÃO E AUMENTO

Apesar da preocupação com o aumento das falsas comunicações de crimes, a boa notícia é que houve leve redução na quantidade de roubos no geral entre ano passado e retrasado, em Bauru. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), em 2021, foram registradas 473 ocorrências dessa natureza na cidade, enquanto em 2022 foram 454 no total. A redução foi de 4%.

Por outro lado, a SSP aponta, neste mesmo período, elevação de 35% no número de roubos de veículos no município. Em 2021, foram contabilizados 37 casos. Já em 2022, foram 50 ao todo.

Delegado Cledson do Nascimento explica que a informação falsa é identificada quando eventuais vítimas se enrolam no decorrer das entrevistas (crédito: Larissa Bastos/JC Imagens)
Delegado Cledson do Nascimento explica que a informação falsa é identificada quando eventuais vítimas se enrolam no decorrer das entrevistas (crédito: Larissa Bastos/JC Imagens)

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