EM BAURU

Sem transporte, alunos deixam de ir para a escola e caso vai parar no MP

Por Guilherme Matos - Especial para o JC | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Malavolta Jr./JC Imagens
Promotor de Justiça Lucas Pimentel analisa denúncia de pais
Promotor de Justiça Lucas Pimentel analisa denúncia de pais

Um grupo de moradores do bairro Vargem Limpa, em Bauru, denunciou nesta quinta (9), para o Ministério Público (MP), a falta de transporte escolar para os estudantes do período noturno. Alguns pais proibiram seus filhos de frequentar as aulas há mais de um mês devido à periculosidade do trecho. Eles contam que uma mãe precisou matricular a filha em uma escola de Piratininga, local em que trabalha, para que a menina não corresse mais riscos. De acordo com a cuidadora Indiara Granero Lopes Custódio, 34 anos, os alunos precisam enfrentar uma caminhada de cerca de 40 minutos que separa o bairro onde residem da Escola Estadual Doutor Carlos Chagas. Ela relata que, além do mato alto, o caminho não conta com uma estrutura adequada para os pedestres e já ocorreram casos de alunos que quase foram atropelados.

Além disso, alguns trechos carecem de iluminação, o que aumenta o perigo a qual os adolescentes ficam expostos. Indiara teme que seu filho e outros estudantes possam ser vítimas de assaltos ou violência no trecho. A solução encontrada pelos alunos foi se reunir em grupo para enfrentar a caminhada em conjunto. Segundo o relato de Indiara, uma aluna desse grupo chegou a ser agarrada por desconhecidos, mas foi salva pelos colegas antes que algo mais grave acontecesse.

A denunciante chegou a procurar a Secretaria Municipal de Educação na tentativa de solucionar o problema. No entanto, a resposta que obteve era de que seu filho fosse transferido para a EE Padre Antônio Jorge Lima, o que ela negou. Outros pais até tentaram mudar o local de estudo dos filhos, mas tiveram o pedido negado por falta de vagas.

Com receio de que algo pudesse acontecer com seu filho, Indiara procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência (BO) preventivo para responsabilizar o poder público.

Lucas Pimentel, promotor da Vara da Infância e Juventude, que recebeu o caso, informou que a Promotoria entende que os alunos do período noturno têm direito ao transporte, visto que é assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Constituição o direito à educação e à profissionalização.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que ofereceu a transferência para a EE Padre Antônio Jorge Lima e que a Diretoria de Ensino está à disposição para a mudança, entretanto parte dos pais afirma que não conseguiu vagas. Em nota, a secretaria explica que dispõe de transporte aos matriculados para o turno e contraturno, nos casos em que há distância maior do que 2 quilômetros entre a residência do aluno e a unidade escolar de frequência, ou quando existem barreiras físicas que dificultem o acesso do estudante à escola. "A Diretoria de Ensino de Bauru informa que o transporte escolar na região é conveniado com o município na modalidade frete. O convênio do transporte oferece rota para os bairros Vargem Limpa I e II, que no diurno contempla a E.E. Carlos Chagas e no noturno apenas para a E.E. Padre Antônio Jorge Lima". E a nota oficial ainda assegura: "Para todos os responsáveis que procuraram a Diretoria de Ensino foi ofertada a possibilidade de atendimento e transferência para a EE Padre Antônio Jorge Lima e a Diretoria continua à disposição dos responsáveis para qualquer dúvida ou intenção de transferência".

Comentários

Comentários