OPINIÃO

Bauru de antigamente

Por Cesar Savi |
| Tempo de leitura: 3 min

Este é o capítulo XII, o último da série Bauru de antigamente que denominei como "minha novela". Agradeço as manifestações de pessoas conhecidas e desconhecidas de diferentes faixas etárias. Entendo como tendo sido agradável e de alguma utilidade a leitura de textos longos entre 3.200 e 3.500 caracteres, mostrando como era a Bauru de antigamente, sua evolução, crescimento e modernização. Entre as informações que recebi, as publicações despertaram lembranças e emoções entre os mais idosos e os jovens tomaram conhecimento de fatos, casos e "causos" da nossa cidade. Agradeço também ao João Jabbour pelas publicações, mesmo que espaçadamente, tolerando minhas cobranças semanais pelas não veiculações, repassando reclamações de generosos leitores.

O tema de encerramento deste Bauru de antigamente é mais sensível em termos de famílias bauruenses. Ao mesmo tempo, apesar dos pesares, "divulgou" Bauru no país inteiro, assim como Pelé, o sanduíche bauru e afins: a Casa da Eny ou Pensão da Eny. Consultei amigos, idosos como eu, sobre a abordagem desse tema que seria delicado ou sensível para pessoas. Com o advento dos motéis passou ser "normal" com mulheres se oferendo com anúncios no Jornal da Cidade. Tempos modernos. O jornalista Lucius de Mello escreveu um livro sobre a Casa da Eny. Seu nome fantasia era Eny (no Cartório Civil, Emy) Cezarino, paulistana, jovem, bonita, entregadora de marmitex na Capital. Sua beleza e charme atraiu muitos homens. Ela circulou por cidades do interior já exercendo a chamada mais antiga profissão do mundo. Será? Ela pesquisou informações sobre Bauru e percebeu que tinha "potencial" para sua atividade. A zona do meretrício era no centro da cidade, rua Costa Ribeiro, hoje Presidente Kennedy.

Ela se instalou em uma "pensão" na rua Rio Branco, quadra 5, onde hoje é um prédio comercial. Era uma das melhores casa da época em termos de instalações e moradoras, casa já frequentada por gente importante da cidade e região. Eny foi guardando dinheiro e comprou o "ponto". Como dona da "pensão" estabeleceu regras de comportamento, sendo uma delas que as moradoras só poderiam beber refrigerantes. Casa da Eny ficou famosa com as mulheres trajando vestidos longos e afins. Eny e as pensionistas eram respeitadas no comércio, sendo boas compradores e pagadoras. Estavam sempre bem trajadas na pensão e nas ruas. Em 1960, a Justiça proibiu prostíbulos no centro Bauru e as casas mudaram para a zona Leste. Eny inovou comprando um terreno às margens da rodovia Mal. Rondon e construiu o Eny's Bar e esse letreiro luminoso podia ser visto da rodovia. O local de 15 mil metros quadrado tinha 50 quartos, jardim, churrascaria e piscina. A fama do local foi nacional.

Quem não conhecia Bauru sabia que tinha uma casa de prostituição de alto luxo e sendo frequentada por autoridades locais, regionais, estaduais e nacionais Por problemas de saúde, hipertensão, diabetes e perda de visão ela vendeu a famosa Casa da Eny. Consta que durante toda sua vida praticou a filantropia.

Ela morreu no dia 27 de agosto de 1987 e foi sepultada no Cemitério Jardim do Ypê com a presença de poucas pessoas.

Homenagem póstuma - Por lamentável lapso da nossa parte, não constou o nome de Antônio Gabriel Atta entre os tenistas falecidos na publicação anterior.

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