É o legado deixado pelo avô, José Vicente Aiello, um dos fios condutores da vida do empresário Paulo José Graça Lima Aiello, 51 anos. Vice-presidente do Rotary Club de Bauru e da Legião Mirim de Bauru, ele aprendeu com o patriarca a ser uma pessoa acessível e disponível, com olhar humanizado voltado ao próximo. "Meu avô morreu quando eu tinha 8, 9 anos, mas aprendi que deveria seguir seus passos. É um grande exemplo para mim", descreve ele, que também é conselheiro do Bauru Tênis Clube.
Formado em direito pela Instituição Toledo de Ensino (ITE), Paulo é proprietário da PJ Imóveis e atua no ramo imobiliário desde os 12 anos, por influência de seus antepassados, já que tanto sua família paterna quanto materna, Aiello e Martha, possuem forte tradição neste segmento. E agora, além de cuidar dos negócios e dos projetos sociais e assistenciais, ele assume um novo desafio, como presidente da Associação Comercial e Industrial de Bauru (Acib), cargo do qual tomou posse no último dia 27 de janeiro.
Nascido em Bauru, Paulo é filho do advogado e dono de construtora Murilo Aiello, com quem trabalha até hoje em seu escritório, e da professora aposentada Zuleika. Casado com a servidora pública Cibele, teve uma única filha, Laísa, 5 anos. Nesta entrevista, o empresário relembra o passado dos Aiello, que dão nome a algumas vias importantes da cidade, o aprendizado que teve com o avô, a relação afetuosa com a família e a dedicação para encaminhar ao primeiro emprego milhares de adolescentes que passam pela Legião Mirim. Leia, abaixo, os principais trechos.
JC - A família Aiello é tradicional em Bauru, sendo que alguns membros deram nome até a vias da cidade. Qual seu grau de parentesco com eles?
Paulo - O início dos Aiello em Bauru foi na rede ferroviária. O José Vicente Aiello, que dá nome à avenida dos Tivolis, é meu avô. Era uma pessoa diferenciada: vendia seguros, era contador e, depois, se tornou vereador. Dizem que também foi prefeito de Bauru por quatro meses, em 1964. E ele casou com a Célia Martha, de outra família conhecida na cidade. Já a rua José Aiello, que liga a Duque de Caxias ao viaduto Antônio Eufrásio de Toledo, leva o nome do meu bisavô, que era coronel. O Affonso José Aiello, que dá nome à avenida dos Villaggios, é um primo de segundo grau.
JC - A história da família Aiello no ramo imobiliário começou com quem?
Paulo - Com meus bisavôs, dos dois lados, tanto dos Martha, quanto dos Aiello. Hoje, todos os meus primos, assim como eu, são formados em direito e trabalham no ramo, com empresas próprias. Comecei neste segmento em 1982, aos 12 anos. Dei um tempo em 1988, quando fui trabalhar em banco e com carros. No final de 1993, voltei. No começo, a imobiliária era na casa do meu avô, na Virgílio Malta.
JC - E o que mais te motiva neste trabalho?
Paulo - Sou uma pessoa realizada. Sempre fizemos loteamentos, mas, depois que houve a dissolução da sociedade da família, em 1999, acabei me especializando na compra, venda e locação de imóveis comerciais, quando passei a entender um pouco mais sobre as necessidades e anseios dos empresários. E deu muito certo, porque salões comerciais possuem muitas particularidades, seja em relação à fiação, hidráulica, acessibilidade. Aprendi muito e foi então que passei a fazer parte do conselho e da diretoria da Acib, em 2010, com o objetivo de ajudar estes comerciantes.
JC - Foi também com essa intenção de ajudar que passou a atuar na Legião Mirim?
Paulo - Sim. Por meio do Rotary. Meu pai atuava na Legião Mirim há muito tempo e surgiu a oportunidade de eu ingressar e começar a ajudar a dar o primeiro emprego a jovens. Hoje, ele é presidente da entidade e eu, vice. Essa disposição é algo que veio do meu avô José Vicente. Sempre que ele via uma pessoa chegar na cidade, como imigrantes, por exemplo, precisando trabalhar, pegava na mão e pedia para alguém empregá-la ou, então, era fiador para que ela abrisse o próprio negócio. Quando foi vereador, ele ficava duas horas por dia sentado em um banco na praça, na Virgílio, para atender a pedidos. Ele morreu quando eu tinha 8, 9 anos, mas aprendi com ele e meus tios-avós que eu deveria seguir seus passos. É um grande exemplo para mim.
JC - Imagino que seja árdua a tarefa de direcionar tantos jovens para o trabalho.
Paulo - As segundas-feiras são sempre tristes, porque muitos chegam sem ter se alimentado no sábado e domingo. Por isso, geralmente, não damos mais aulas pela manhã neste dia. Primeiro, damos o café-da-manhã e o almoço, para que eles tenham condições de aprender durante as aulas. A carência é grande, muitos adolescentes têm problemas familiares. Quase sempre, temos que começar do básico, ajudar com roupa, sapato, alimentação, ensino de português, matemática, para, só depois, dar alguma capacitação para o mercado de trabalho. Depois de dois anos de pandemia, houve uma defasagem grande no aprendizado. Estamos em um momento difícil.
JC - Além do trabalho e da dedicação a projetos como a Legião Mirim, o que mais gosta de fazer?
Paulo - Eu tomo café todos os dias às 8h15 ou 8h30, na Galeria 21 Center, menos no domingo, quando tomo às 11h. E ainda vou de novo, por volta das 14h30. É mais um legado do meu avô: ser acessível. Então, vou ao mesmo lugar, no mesmo horário, para que as pessoas possam me encontrar, sempre que quiserem. É algo rápido, não dá para ficar muito tempo, mas estou lá. E meu pai vai comigo. Além disso, às segundas, vou ao Rotary; às terças, tenho meu truco; e, agora, estou pegando gosto em ir ao Golf Club, de domingo, mas não sempre, para tomar uma cerveja e conversar com os amigos. Também já viajei muito pelo Brasil, com a família.
O que diz o empresário
"Me especializei na compra, venda e locação de imóveis comerciais. Aprendi muito e passei a fazer parte da Acib para ajudar estes comerciantes"
"Meu avô morreu quando eu tinha 8, 9 anos, mas aprendi que deveria seguir seus passos. É um grande exemplo para mim"
"A carência é grande, muitos adolescentes têm problemas familiares. Quase sempre, temos que começar do básico, ajudar com roupa, sapato, alimentação"