Olhos marejados, mãos trêmulas e sem voz, de tanto gritar de felicidade. Foi assim que os argentinos que moram em Bauru ficaram neste domingo (18), após a seleção de Lionel Messi derrotar a França nos pênaltis e conquistar a Copa do Mundo do Catar, depois de um intervalo de 35 anos sem vencer o mundial. Antes, os hermanos tinham sido campeões em 1978 e 1986.
Durante o primeiro tempo da partida, o chapeiro Paulo Maidana, de 35 anos, dividia sua atenção entre os lances e os alimentos que estavam sendo preparados. Com um bigode estilo Salvador Dalí e vestindo uma camisa da seleção argentina com o número 10 de Messi, ele se ajoelhava em frente à televisão e orava pedindo para poder, pela primeira vez na vida, assistir e celebrar a conquista do mais importante título do futebol.
“Encontrei aqui em Bauru, junto com minha companheira, Adriana de Almeida, um cantinho para construirmos nossa vida. Estou há 10 anos no Brasil, sendo quatro deles aqui na cidade. Mas nunca deixei de torcer pela Argentina. Amo meu país”, conta o funcionário da padaria Via Pães, no Jardim Marambá (Camélias/Flamboyant), que vibrou bastante durante os gols marcados por Messi e Di María no primeiro tempo. Ele, inclusive, chegou a ir até a calçada para gritar e expressar a felicidade que estava sentindo. Os clientes brasileiros que estavam no local também torceram pela vitória do país vizinho.
CLIMA TENSO
Contudo, toda a confiança do título que os hermanos estavam sentindo até então foi substituída por bastante tensão a partir do segundo tempo, após o atacante Mbappé, da França, marcar dois gols em menos de três minutos e empatar a partida.
O garçom do Fried Fish Vilarejo Daniel Marino, de 58 anos, que estava trabalhando de camisa e bermuda da seleção argentina, mal conseguia tirar os olhos da televisão. “Eu acho que vou morrer”, exclamava, nervoso, a cada vez que a bola ia em direção a um dos gols. Depois, gritava “vai, Messi”, torcendo pelo atacante eleito sete vezes o melhor do planeta.
Por conta do empate em 2 a 2 no tempo normal do jogo, a decisão foi para a prorrogação. E o clima de aflição para Daniel se manteve nos dois períodos extras, já que, apesar de Messi marcar o terceiro gol da Argentina na prorrogação, Mbappé logo em seguida também balançou a rede e novamente igualou o placar.
‘ME SENTI EM CASA’
Com o placar em 3 a 3 na prorrogação, a partida caminhou para os pênaltis. E, nesta hora, a maioria dos clientes do restaurante já estava de pé para torcer pela Argentina junto com o Daniel. Cada balançada na rede dos hermanos e cada erro dos franceses foi celebrada pelos brasileiros como se fosse um gol do próprio Brasil.
Mas foi após o jogador Gonzalo Montiel converter o pênalti do título da Argentina, que o garçom ‘explodiu’ em pulos de alegria, gritos roucos - já que ele estava quase sem voz - e distribuiu abraços nas pessoas próximas. “Que sensação maravilhosa. Não dá para explicar. Muito feliz de poder comemorar uma Copa do Mundo de novo e ver o Messi ser campeão. Vim morar em Bauru depois de conhecer minha esposa, Dóris Nham Marino, e, hoje, estou longe do meu país. Mas ter os brasileiros torcendo aqui comigo fez eu me sentir em casa”, completou, emocionado.
