Você dialoga com quem?

Por Alberto Consolaro | 17/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC

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Verdadeiro diálogo não é falar com as pessoas que acreditam nas mesmas coisas que nós acreditamos. (Zygmunt Bauman - 1925-2017)
Verdadeiro diálogo não é falar com as pessoas que acreditam nas mesmas coisas que nós acreditamos. (Zygmunt Bauman - 1925-2017)

Diálogo é convivência dos diferentes nas relações humanas. O questionador, crítico e opositor ajuda a busca da verdade sobre um assunto ou decisão. A tolerância com o diferente é amor ao próximo. Quando a estupidez prevalece e o diálogo acaba, é porque a ignorância está dominando. A estupidez é uma burrice, mas não tenho direito de ofender estes lindos, eficientes e inteligentes animais, também conhecidos como asnos.

Diálogo implica em tolerância com aquele que não sabe, ainda que resista ou negue a mudar e evoluir em um primeiro momento. O diálogo deve “ser” de ideias e argumentos e não se impor pelo grito, mentiras, voz grossa, vestimentas, tecnologia avançada e ou armas!

Em qualquer atividade deve-se ouvir a todos, não importa se concordando ou discordando. Há de se ter paciência e tolerância com os ignorantes que geralmente são barulhentos, brutos e manipuláveis. As discrepâncias e controvérsias de opiniões são fontes e oportunidades de progresso e evolução quando se tem as salvaguardas da liberdade de pensamento e a preservação do estado de direito democrático.

SEJAMOS INTELIGENTES

Os dogmas, mitos e a fé são próprios da religião e da política. O dogma e a fé tendem a não ser tolerantes com as discordâncias e discrepâncias. Dialogar, debater e discordar são exercícios para adquirir capacidade analítica, crítica e consciência social. Sabedoria e tolerância são habilidades que se desenvolve apenas com muito esforço pessoal, tempo para reflexões e meditações. Sabedoria e tolerância não se ganham com diplomas e habilitações, mas sim com inteligência e muito estudo. Ninguém transfere sabedoria e tolerância, elas são conquistadas unicamente por evolução individual e por mérito pessoal.

Como seres evoluídos, que cultivemos o diálogo, o discurso, o debate e o convencimento, mas isto requer muita paciência, tolerância, reflexão e amor. Que cada um de nós descubra em si mesmo o potencial de aprender, evoluir, empreender e adquirir a consciência de seu papel no contexto familiar e social.

Que aquele que pensa diferente, não vire inimigo, mas apenas uma pessoa que não raciocina como você, mas que pode ser seu amigo! Eu reconheço que é difícil conversar com adoradores de armas, mas é necessário tirá-los do transe em que se encontram, ajudá-los.

UM TESTE

Em algumas conversas, escuto e identifico sementes de intolerância com partidos, pessoas, ideias e comportamentos. Querem quebrar regras e fazer a “sua” justiça prevalecer. Permita-me questionar:

1. Na sua casa, você dá o exemplo de respeito, elegância e tolerância ou és, às escondidas, um ogro adorador de pneu?

2. Você ensina seus filhos e alunos à prática do diálogo e respeito com os diferentes daquilo que imaginas como o ideal em sua vida? Como se posiciona sobre os presidiários, drogados e subalternos?

3. Você é educado apenas com os superiores ou és também com os empregados, prestadores de serviço e subalternos? Quantas vezes por dia pedes por gentileza e agradece?

4. Você conversa com seus familiares sobre os limites dos dogmas, mitos e as consequências ruins de uma fé cega e irrestrita?

REFLEXÕES

Todas as horas precisamos semear a tolerância com os diferentes e praticar o diálogo com respeito absoluto às regras em qualquer situação, especialmente com os familiares e dependentes! Se não for assim no dia a dia, só restará, cedo ou tarde, as ditaduras, torturas, tragédias familiares e o terrorismo urbano!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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