10% MAIS CARA

Ceia de Natal fica 10% mais cara e consumidores se viram como podem

Pesquisa da Abras revela encarecimento de produtos; bauruenses usam talento culinário e criatividade para driblar a alta

Por Marcele Tonelli com Folhapress | 15/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Marcele Tonelli

Vanuza Negrisoli e Edson Negrisoli trocarão a leitoa pela costelinha barbecue; carrinho estava cheio de panetones após o casal encontrar ofertas
Vanuza Negrisoli e Edson Negrisoli trocarão a leitoa pela costelinha barbecue; carrinho estava cheio de panetones após o casal encontrar ofertas

No lugar da leitoa, a costelinha barbecue. E, em vez do peru ou chester, o tradicional frango assado. É abusando do talento culinário e da criatividade que consumidores em Bauru se viram como podem para driblar a alta da ceia de Natal. Isso porque, em um ano, o preço da cesta de produtos natalinos no País cresceu, em média, 9,8%, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

O levantamento, divulgado em novembro, considera o kit composto por dez produtos: aves natalinas, azeite, caixa de bombom, espumante, lombo, panetone, pernil, peru, sidra e tender. De acordo com a pesquisa, o valor total desses itens em 2022 é R$ 294,75. O preço é R$ 26,30 a mais do que os R$ 268,45 calculados em igual período de 2021.

Na apresentação dos dados, no mês passado, Marcio Milan, vice-presidente da Abras, ponderou que o cálculo ainda não contemplava o efeito de possíveis descontos às vésperas do Natal. "Esse preço de 2022 é o preço atual, de referência dos próprios supermercados, que ainda não entraram com suas ofertas e promoções", disse, na ocasião.

Apesar de a pesquisa sinalizar valores mais altos dos produtos neste ano, 66% dos supermercados brasileiros projetam consumo superior ao Natal de 2021, informou a Abras.

Outros 27% esperam o mesmo patamar do ano passado, enquanto 7% estimam um nível inferior de negócios na data.

O setor também prevê crescimento de 11,2% no consumo de carnes no Natal e alta de 12,5% no de bebidas.

CRIATIVIDADE

Em um supermercado de Bauru nesta terça-feira (13), a aposentada Doralice Bonifácio de Oliveira, 82 anos, estava de olho nas substituições que fará para economizar neste fim de ano. Ela diz que, para driblar o alto valor da ceia, trocará o chester, que custa em média R$ 80,00, pelo frango já assado, encontrado por metade desse preço. E o azeite extra virgem, que é vendido a cerca de R$ 25,00, dará lugar ao comum, de R$ 17,00.

"Depois da pandemia, tudo aumentou muito. E tem coisas que eu não consigo abrir mão nesta época, como as uvas e um bom arroz com lentilha para dar sorte. Então, vou criando saídas. Como o frango também está caro, vou comprar já assado para baratear ainda mais", comenta.

Já a professora Vanuza Negrisoli, 53 anos, conta que tem pesquisado preços de produtos natalinos nos aplicativos de supermercados. Nesta terça, ela encontrou panetones e chocotones em oferta em um estabelecimento da cidade e aproveitou para levar vários de uma vez.

Também como forma de economizar na ceia, ela adianta que o cardápio será diferente neste ano. "Em vez de leitoa, prepararemos o prato da noite com costelinhas de porco ao molho barbecue", detalha. Por lá, o chester também será substituído pelo frango assado e o tender não deve estar presente.

Na casa dos pais da auxiliar administrativa Kelly Cristina Pilão, 41 anos, a ceia também deve ser um pouco mais simples. O chocotone trufado da filha de 9 anos será o individual, de 80 gramas, como forma de equilibrar a alta de outros produtos que ela considera indispensáveis.

"Faremos pernil, não abrimos mão disso. Mas, em vez de usar frutas para decorar a mesa, prepararemos uma travessa de salada de frutas como sobremesa", cita ela, destacando que a uva passa, embora também esteja mais cara, não ficará de fora da ceia.

"Desta vez, a uva passa não vai no arroz e não decorará os assados, mas ela continuará marcando presença na salada", finaliza Kelly.

FRUTAS MAIS 'SALGADAS'

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) também realizou um levantamento que indicou aumento de preços, de 2021 para 2022, dos produtos e ingredientes típicos da ceia de Natal.

Entre os itens mais "salgados" da lista, estão as frutas, que registraram alta de até 35,21%; o frango inteiro, que encareceu 11,69%; o azeite, que subiu 8,85%; o pescado, que teve incremento de 6,24%; as carnes vermelhas, que ficaram 3,85% mais caras; e o queijo, que aumentou 13,92%.

Os dados têm como base o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Kelly Cristina Pilão, 41 anos, abrirá mão da uva passa no arroz e para decoração de assados, mas o produto marcará presença na salada (crédito: Marcele Tonelli)
Kelly Cristina Pilão, 41 anos, abrirá mão da uva passa no arroz e para decoração de assados, mas o produto marcará presença na salada (crédito: Marcele Tonelli)
Doralice Bonifácio de Oliveira, 82 anos, trocará o chester pelo frango já assado, mas não deixará a ceia sem uva, que também está mais cara (crédito: Marcele Tonelli)
Doralice Bonifácio de Oliveira, 82 anos, trocará o chester pelo frango já assado, mas não deixará a ceia sem uva, que também está mais cara (crédito: Marcele Tonelli)

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