As histórias de frustração que a Copa do Mundo traz

27/11/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Você gosta do Neymar? Considera que ele seja "o" craque da Seleção Brasileira. Ou não gosta do Neymar? Acha que ele é "Neymala", "Neymarketing"... Raramente, algum torcedor brasileiro fica neutro diante da figura do principal jogador do País em anos (nem tão) recentes. Por isso, houve preocupação e comemoração quando o atual camisa 10 da Seleção deixou o campo lesionado logo na estreia do Brasil na Copa do Mundo do Catar.

Neymar, jogando bola, é um fora de série. Um jogador ainda fundamental para a Seleção. Neymar em campo é sinônimo de alarme para os adversários, ele chama marcação, muitas vezes com dobra, abre espaços para os companheiros, tem habilidade e qualidade para decidir um jogo e um campeonato (mesmo mundial) a qualquer momento. Hoje, ainda é um líder e mentor da nova geração que elevou o status de favorito do Brasil.

Esqueça por um momento o que pensa sobre Neymar fora do campo. E vamos ao drama deste craque de bola. Em 2014, em uma Copa, em casa, nas quartas de final, uma joelhada digna de "Sawamu, o Demolidor" o tirou não só do Mundial, mas o deixou fora de combate por dois meses. Com Neymar, o Brasil venceria ou faria uma partida decente contra a Alemanha? Nunca saberemos. Mas seria um Brasil mais forte.

Em 2018, outra oportunidade. Porém, uma fratura no pé, com consequência nos ligamentos, fez Neymar jogar a Copa da Rússia com dor e abaixo do seu potencial. Foi uma Copa difícil para o jogador, que virou meme mundial com suas quedas. E quedou-se junto com o Brasil nas quartas de final.

Agora, em 2022, é consenso que Neymar chega em seu ápice para a Copa do Catar. Nunca esteve tão bem fisicamente. Tecnicamente, aparenta estar maduro e segue letal. É o momento de, finalmente, liderar um Brasil favorito rumo ao hexa. Mas... a maldição das Copas trata de colocar um drama a mais nesta história. Neymar se machuca logo no primeiro jogo. É evidente a frustração do craque. Em seu melhor momento, sem lesões na temporada... Resta saber se conseguirá se recuperar a tempo e como vai voltar. Ainda dá tempo de fazer a diferença? E o Brasil sem Neymar, como vai se comportar?

12 anos "perdidos" em 180 minutos

No dia 2 de dezembro de 2010, o Catar iniciou um projeto para revolucionar seu Esporte. Escolhido como sede da Copa do Mundo de 2022, o país tinha 12 anos para se preparar e fazer bonito em campo no Mundial. O Catar planejou e executou medidas para se qualificar. Intercâmbio, contratação de técnicos estrangeiros, participação em competições em outros continentes, academia de atletas, jogadores naturalizados...

Enquanto os estádios se erguiam e até cidades eram construídas especificamente para a Copa do Mundo, a seleção catari se erguia no ranking da Fifa, saindo do 119º lugar na ocasião da vitória para sediar o evento para a 50ª posição. Em 2019, o país anfitrião do Mundial 2022 foi campeão da Copa da Ásia, vencendo o Japão por 3 a 1 na final. Não é um resultado para se desprezar. No mesmo ano disputou a Copa América como convidado e empatou com o Paraguai. Já em 2021, para dar experiência aos seus jogadores, o Catar participou da Copa Ouro, chegando às semifinais, superando pelo caminho seleções como Honduras e El Salvador - foi eliminado pelos Estados Unidos.

Esperar um Catar avassalador na Copa do Mundo? Não. Mas a expectativa era por uma equipe mais competitiva, sobretudo nos jogos contra Equador e Senegal, já que a Holanda entrou como favorita disparada no grupo. Mas foi justamente contra sul-americanos e africanos que o projeto do Catar de brilhar em casa ruiu. Um futebol tímido, duas derrotas e um choque de realidade e a frustração bateram à porta. O Catar, do sonho de (quem sabe?) brigar pela segunda vaga do grupo e chegar ao mata-mata, vive o pesadelo de recordes negativos.

Foram 12 anos de preparação perdidos em 180 minutos de futebol. Tempo suficiente para o Catar se tornar o primeiro anfitrião, em 92 anos de história de Copas, a ser superado na estreia. Além disso, também era inédito derrotas nos dois primeiros jogos e os donos da casa serem os primeiros matematicamente eliminados. E pode ampliar o histórico. Se perder para a Holanda, será o primeiro país-sede a ser derrotado em todos os jogos da fase de grupos e a sair zerado. Será o fim do projeto de futebol do Catar? Não. Mas a seleção catari vai ter que se reerguer com o peso de pior anfitriã da história das Copas do Mundo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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