O Flamengo tem o maior investimento em reforços da América do Sul e folha salarial mais cara também. Se existe um domínio que pode ser traduzido na força da grana, é o flamenguista. São R$ 36 milhões mensais com salários da equipe. Para uma comparação que extrapola o nosso empobrecido continente, o Flamengo tem a 18ª maior folha salarial do mundo. Dono do elenco mais caro das Américas, o Rubro-negro carioca só perde em gastos com ordenados para equipes da elite das principais ligas europeias. Em nenhum outro continente há quem gaste mais do que na Gávea.

Ascensão na 'Torre dos Campeões'

E o investimento milionário se traduz em qualidade quando a bola rola. Na final, o Flamengo nem sobrou. Nem precisou. Aliás, quem começou melhor foi o Athletico, muito bem postado. Porém, a expulsão do zagueiro Pedro Henrique mudou o jogo. E aí, com espaço, o talento do elenco carioca fez a diferença. Aos 49 minutos, em boa trama entre Everton Ribeiro e Rodinei, o cruzamento saiu na medida para Gabriel, artilheiro do Flamengo nas finais, que mostrou estrela e marcou mais uma vez - foi assim no título sobre o River Plate e na derrota para o Palmeiras nas outras duas decisões de título disputadas nos últimos quatro anos pelo Flamengo. Gabriel ainda alcançou outro feito. Chegou aos 29 gols e se igualou a Luizão como o maior artilheiro brasileiro na história da Libertadores.

No segundo tempo, o Athletico foi guerreiro, mas a vantagem numérica e a qualidade do elenco não deixaram o Flamengo passar apuros e o título veio naturalmente, sem sobressaltos. Agora, na "Torre dos Campeões" da Libertadores, cravada no topo dos Andes, o Flamengo faz companhia aos brasileiros São Paulo, Palmeiras, Santos e Grêmio, além do paraguaio Olimpia e do uruguaio Nacional no terceiro andar, local reservado aos tricampeões continentais.

Auge da carreira

O técnico Dorival Júnior chegou ao Flamengo sem o alarde que seus antecessores causaram. Uma contratação de menos impacto. Porém, experiente, tratou logo de cativar o vaidoso elenco que tem em mãos e de não inventar. Ajustou o time, conseguiu solidez defensiva, uma equipe mais coesa e que voltou a jogar um futebol agradável, atraente, finalmente em concordância com os atletas que possui. O técnico tem ainda o mérito de ter conseguido encaixar Pedro na equipe, convencendo Gabriel a fazer funções diferentes da de homem referência no ataque.

E assim, com uma boa pitada do trabalho de Dorival, que resgatou a confiança e a autoestima do grupo, mudando o ambiente de conturbado para instigante, e conseguiu "vender" sua ideia de jogo ao elenco, após a desastrosa passagem de Paulo Sousa pelo clube, o Flamengo caminhou para um final de temporada glorioso. O "time das copas", que nada mais é do que os titulares flamenguistas, levantou dois canecos em um mês - faturou também a Copa do Brasil - e Dorival, discreto, atinge o auge da carreira.