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Folia de carnaval

Sabrina Magalhães
| Tempo de leitura: 4 min

Folia pode alterar coração e pressão

Texto: Sabrina Magalhães

Crianças merecem atenção especial, pois podem sofrer desidratação em poucas horas de folia

Pessoas que têm problemas de pressão, diabetes, coração ou outros devem redobrar a atenção no carnaval. No do ano passado foram registrados 56 casos de queda ou alta de pressão arterial, 21 de problemas cardíacos, 11 de quadros convulsivos e 13 de desmaios, só no Pronto-Socorro Municipal.

A oscilação da pressão arterial e os casos de tontura e desmaio são, quase sempre, conseqüências diretas de uma alimentação inadequada. É o perfil do torcedor fanático que vai ver sua escola descer a avenida e esquece de se alimentar. Ou, ao contrário, o torcedor que de tanta euforia e ansiedade, acaba sentindo-se mal.

Quem vai para o Sambódromo assistir ao desfile de sua escola favorita deve lembrar-se de que serão horas de espera e muita expectativa. Então, o corpo tem que estar em boas condições, bem alimentado e bem hidratado. Neste sentido, os portadores de diabetes devem estar sempre atentos aos seus níveis glicêmicos, para evitar um mal estar súbito.

A mesma ansiedade que altera o metabolismo, muitas vezes, acarreta também distúrbios nervosos, que podem ir desde uma crise incontrolável de choro até um rompante de agressividade. Só o ambulatório móvel que foi montado no Sambódromo em 1998 atendeu a 7 casos deste tipo. No PS o número é maior, mas não se pode afirmar que todos os casos estejam relacionados ao carnaval.

Da mesma forma acontece com os problemas cardíacos. O PS recebeu 21 pacientes com alterações no coração durante os quatro dias de carnaval de 99. A diretora do Departamento de Urgência e Emergência, Marília Simões Garcia, explica que na ficha médica não há informações das causas ou da situação que levou o indivíduo ao distúrbio. Mas ela afirma que o uso de drogas e álcool pode desencadear disfunções cardíacas em pessoas predispostas.

Estas substâncias químicas alteram o ritmo do coração e uma pessoa que tenha uma disfunção silenciosa pode acabar apresentando sintomas, inclusive com quadros de coma alcoólico ou overdose (superdosagem de entorpecentes).

Convulsões

Crises convulsivas e desmaios são presenças constantes também nos dias de folia. Podem ser provocadas pela fraqueza, pela ansiedade ou por doenças preexistentes, como a epilepsia, por exemplo. Em Bauru, já houve casos de passistas que tiveram de ser socorridas às pressas em pleno desfile, inclusive em caso de destaques de carro alegórico, onde ainda havia o risco de queda e traumatismos.

Aliás, no ambulatório do Sambódromo, o registro mais comum, geralmente, é o de dores de cabeça (cafaléias). Para muitas pessoas, esse sintoma vem acompanhado de tonturas, queda de pressão e quadros de vômito. A recomendação

é a mesma para todos esses casos: moderação. São os exageros que acabam levando o folião para o pronto-socorro e estragando a festa.

Cuidados com o pequeno folião

As crianças também precisam ser atentamente vigiadas durante o carnaval. Além dos riscos de cair e se machucar, os pequenos têm maior propensão à desidratação. Por terem o corpo pequeno, a perda comprometedora de líquidos enquanto brinca no salão é muito rápida, em apenas 4 horas o quadro já é crítico. Por isso, os pediatras recomendam a ingestão de líquidos a cada duas horas, no máximo.

Outra recomendação dos médicos é quanto

à roupa, que deve ser leve. Também não é indicado deixar a criança brincar descalça, pois além dos riscos de escorregar e de levar pisões, ela pode se ferir com cacos de vidro ou outros objetos que estejam no chão.

E se o baixinho for alérgico, é bom observar se não estão jogando farinha ou talco para brincar de "guerrinha". Isso poderia desencadear uma crise de rinite ou bronquite e acabar com a brincadeira.

Sol

A maioria dos clubes que abre para matinês no carnaval não oferece atrações só no salão. Eles costumam ter atividades na área externa também. Nesse caso, os pais devem cuidar para que os pequenos não sejam expostos ao sol "ruim", entre 10 da manhã e 16 horas.

Quando forem acompanhar o carnaval de rua, os pais devem evitar oferecer salgadinhos e lanches para as crianças. Os sucos e frutas são as melhores opções. Fora isso, deve-se deixar a criança se divertir o quanto quiser, aproveitando a oportunidade para conhecer e se socializar com outras crianças.

"Bota a camisinha, bota meu amor"

O Ministério da Saúde está veiculando uma propaganda em que uma garota conta ter saído com um rapaz no último carnaval e, depois, ter descoberto que está com o vírus da aids. Ela faz um apelo para que o rapaz, que ela nunca mais viu, faça os exames, pois ele pode estar infectado também.

A propaganda foi gravada por uma atriz, mas conta a história de muitos foliões que um dia acreditaram ser imunes à contaminação. Na verdade, o HIV pode alojar-se num organismo por até 10 anos sem se manifestar. Quantas namoradas, quantos namorados uma pessoa pode ter num intervalo de 10 anos? E quantos outros namorados os parceiros destas pessoas já tiveram antes daquele encontro? É uma cadeia onde o contágio de diferentes doenças "rola solto" e que só pode ser quebrada com o uso do preservativo. Sempre. (SM)

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