Seis entidades de Bauru vão promover, no próximo sábado, palestra sobre problema que afeta familiares de dependentes

A co-dependência a que está sujeita as famílias dos dependentes de drogas - sejam elas lícitas ou ilícitas - e até de jogos é uma área de estudo relativamente nova. Mas já é consenso entre os especialistas que a co-dependência é um problema sério, que precisa de tratamento. Visando debater o assunto, seis entidades de Bauru vão promover, no próximo sábado, no auditório da Universidade do Sagrado Coração (USC), uma palestra sobre o que é co-dependência; como reconhecer seus efeitos; como ela afeta a família e os amigos; como livrar-se da co-dependência e como ajudar o co-dependente. A palestra, que tem entrada franca e é aberta a todos os interessados, principalmente pessoas ligadas a dependentes, será proferida pelo médico Luiz Ossamu Sanda, que é conferencista e presidente do Esquadrão da Vida de Sorocaba. Estão promovendo a palestra, que será realizada às 20 horas, as seguintes entidades: Esquadrão da Vida de Bauru, Amor Exigente; Núcleo de Apoio aos Toxicômanos e Alcoólatras (Nata); Grupo Pais e Filhos mais que vencedores (Igreja Cristã Renovada); Pastoral da Sobriedade e Campanha da Fraternidade da Diocese de Bauru (ambas da Igreja Católica).

Edmundo Muniz Chaves, que é diretor do Esquadrão da Vida de Bauru e organizador da palestra, explicou que a co-dependência pode levar a família e amigos do dependente a mudar sua vida, de maneira a viver mais em função do dependente do que do seu próprio cotidiano.

A co-dependência pode levar a família a perder seus princípios de valores. Conheço casos de pais que, para tentar evitar que seus filhos sejam detidos na rua, eles mesmos buscam a droga. Há casos de pais que para liberar o filho preso sujeita-se à corrupção, disse. Em outras situações, conforme Chaves, os pais abrem mão de emprego, vendem imóveis e mudam-se de cidade para tentar a recuperação dos filhos e por vergonha da comunidade, de serem apontados como pais de um viciado.

Segundo o diretor do Esquadrão da Vida de Bauru, o primeiro passo para o tratamento é a família reconhecer que tem um dependente em seu meio. O segundo passo é deixar de viver em função do dependente, deixando que ele assuma as conseqüências do vício. O terceiro passo, de acordo com Chaves, é a família procurar um grupo de auto-ajuda, pois ela também está doente.

O médico que ministrará a palestra no sábado, segundo Edmundo Chaves, já viveu o papel de co-dependente e hoje dirige grupos de auto-ajuda. Para Chaves, tanto drogas lícitas, como cigarro e álcool, assim como maconha, crack e cocaína, que são ilícitas, e até o jogo, são vícios que podem desencadear a co-dependência. Ele ressaltou que a família de um jogador compulsivo, que aposta dinheiro, por exemplo, ao dormir nunca sabe se no dia seguinte terá os móveis da casa e até onde morar.