Área urbana de Bauru é cortada por dez córregos bastante poluídos e desconhecidos da maioria da população
As nascentes do rio Bauru, o principal da cidade, ainda estão preservadas. É o que aponta um estudo feito pela Subseção de Bauru da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes). O resultado do trabalho será apresentado à comunidade na próxima terça-feira, Dia Internacional do Meio Ambiente. Escolas públicas e particulares e órgãos públicos das três instâncias governamentais vão receber o mapa com os resultados do trabalho.
Segundo o presidente da regional Bauru da Abes, engenheiro químico Carlos Alberto Ferreira Rino, foi realizado um levantamento em 13 pontos do rio Bauru, para se detectar o índice de qualidade de suas águas, desde a nascente até a foz, no rio Tietê, num percurso aproximado de 35 quilômetros. O resultado não é nada agradável.
Usando as classificações ótima, boa, aceitável, ruim e péssima, os técnicos da Abes não encontraram nenhum trecho com a avaliação máxima. As nascentes do rio, localizadas num brejão do trevo de entroncamento das rodovias Marechal Rondon com a Bauru-Ipaussu (trevo da Eni), foi o único local cuja água foi classificada como boa.
O líquido foi considerado aceitável em apenas dois pontos: na região do Residencial Paineiras, logo no início do rio, e nas próximidades de sua foz, no Município de Pederneiras. O resto do levantamento aponta três trechos ruins (Parque das Nações, Vila Independência e Distrito de Guaianás) e sete classificação péssima (Vila Zillo, Vila Falcão, região do Fórum, rodoviária, Vila Santa Luzia, núcleo Mary Dota e Distrito Industrial).
Os ambientalistas indicam que há duas nascentes que formam o rio Bauru. A primeira, localiza-se no trevo da Eni (Marechal Rondon com Bauru-Ipaussu). A segunda nascente está próxima da primeira e é conhecida como Água da Ressaca. Alguns ambientalistas defendem a tese de que o rio Bauru é formado a partir das junção dos córregos Água da Ressaca e Água da Forquilha, que se encontram no cruzamento das avenidas José Vicente Aiello e comendador José da Silva Martha.
Metodologia
O rio Bauru recebe uma média de 1.000 litros de esgoto in natura por segundo. Para medir esse grau de poluição foram criados os Índices de Qualidade de Águas (IQA). Esse índice varia de 0 a 100. Quanto maior o valor do IQA, melhor a qualidade da água.
Na escala ascedente, o índice é classificado da seguinte forma: de 0 a 19, péssima; de 20 a 36, ruim; de 37 a 51, aceitável; de 52 a 79, boa; e de 80 a 100, ótima. Segundo Rino, espera-se que a cada três anos seja feito o levantamento do IQA do rio Bauru.
A próxima avaliação provavelmente será realizada após a implantação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), cujo processo de licenciamento da obra encontra-se em fase de expedição pelo Governo do Estado. Para Rino, com a entrada em operação da ETE, a qualidade das águas do rio Bauru deverá melhorar significativamente, contribuindo de maneira positiva para a melhora da saúde pública.
Bacia hidrográfica
A bacia hidrográfica do rio Bauru - o único a drenar, como se fosse uma calha, toda a área urbana do Município - é formada pelas águas de 10 córregos, a maioria desconhecidos da população. Seus nomes só são citados em épocas de enchentes.
A bacia começa a se formar na região do trevo da Eni, no entroncamento das rodovias Marechal Rondon com a Bauru-Ipaussu. Ali brota a primeira nascente do rio Bauru, ainda sem nome, cujas águas se juntam com a do córrego Água da Ressaca. É a Região Sul da cidade.
Depois do encontro desses dois córregos, o rio desce e recebe, em sua margem esquerda, o manancial da Água da Forquilha, no cruzamento das avenidas José Vicente Aiello com a comendador José da Silva Martha. Depois de fazer uma curva em direção a Leste, o rio Bauru recebe as águas do córrego Água do Sobrado - nome em homenagem ao lugar onde foi construído o primeiro sobrado da cidade, no início do século passado -, que nasce na Região Oeste e drena uma grande área urbana, onde estão localizados bairros como Joaquim Pernambuco, Vila Souto, Jardim Jussara, Vila Giunta, entre outros.
Ainda mantendo seu curso apontado para o Leste, o rio Bauru segue sua viagem e seu próximo afluente é o córrego da Grama, que brota na região do Parque Jaraguá e drena a Favela São Manoel e adjacências. Próximo a estação rodoviária, o rio é reforçado pelas águas do córrego do Castelo, que atravessa os fundos do Jardim Godoy e Vila Seabra.
O córrego do Barreirinho, que divide os núcleos habitacionais Beija-Flor e Mary Dota dos Jardins Flórida e Eldorado, despeja suas águas no rio próximo a rodoviária. O último manancial a encaminhar suas águas ao rio Bauru, pela margem esquerda, é o córrego da Vargem Limpa.
Pela margem direita, o rio recebe apenas três ribeirões: Flores (que nasce no anfiteatro Vitória Régia e corre canalizado até a rodoviária), Água Comprida, que deságua na região do Horto Florestal, e Vargem Limpa, homônimo do córrego da margem esquerda.