Alunos do quarto ano do curso de Direito da Instituição Toledo de Ensino (ITE) participaram, na manhã de ontem, de uma aula prática de Direito Internacional, em que simularam um round de negociações entre blocos de países e a Organização Mundial do Comércio (OMC). De acordo com o professor Daniel Freire e Almeida, a atividade é uma das pioneiras no Estado de São Paulo e é importante porque aprimora as habilidades de oratória, argumentação e técnicas diplomáticas dos estudantes.
No round de negociações, os próprios alunos exercem papel de diplomatas, pertencentes aos blocos econômicos regionais, como Mercosul, União Européia, Nafta e Alca. A discussão girou em torno das práticas comerciais adotadas por cada bloco. No simulado, os alunos que representaram membros da OMC tiveram a função de analisar as políticas internacionais adotadas por cada país.
O professor esclarece que as negociações multilaterais são um dos mecanismos básicos utilizados pela OMC para promover o livre comércio mundial. Almeida afirma que a atividade desenvolvida em sala de aula estimula no estudante a ligação entre teoria e prática, com a finalidade de aprimorar conhecimentos adquiridos. Eu acredito que seja oportuno o debate prático das aulas de Direito Internacional principalmente quando você relaciona com os fatos que estão ocorrendo hoje no mundo todo. Isso coloca os alunos numa atitude de estímulo a vivenciar os fatos do dia-a-dia e perceber que eles trazem conseqüências às suas vidas, observou.
O Direito Internacional é uma disciplina recente no Brasil, segundo o professor da Faculdade de Direito da ITE. Apenas a Universidade de São Paulo (USP) tinha uma cadeira já há alguns anos. Mesmo assim, não mais que uma década. Com a entrada do Brasil no Mercosul é que começou a aumentar a hipótese de discutir isso na graduação de Direito, expôs.
O simulado realizado com os alunos do quarto ano do curso de Direito da ITE seria um dos pioneiros no Estado de São Paulo, de acordo com o professor. Eu sei que já aconteceu isso na Universidade de Harward, mas não tenho mais nenhuma outra idéia de onde possa ter ocorrido isso, informou.
Entre os alunos, a opinião de que a prática do round de negociações é importante na graduação em Direito também prevalece, de acordo com o estudante Tiago Souza Nogueira de Abreu. É importante porque a gente está vivendo num mundo globalizado e, como futuros profissionais da área jurídica, a gente vai conviver com esse tipo de trabalho. Acho que é essencial esse tipo de trabalho porque a gente começa a se familiarizar com isso e tem a oportunidade de entrar no mundo dos negócios de uma forma mais instrumentalizada, ressaltou.
Vânia Vieira Cunha Rudge, que também cursa o quarto ano de Direito na ITE, pensa que a atividade é relevante já que proporciona a oportunidade de praticar conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula. A gente vê um pouco da prática no Direito Internacional. É importante porque nos preparamos para isso e tivemos que ficar por dentro das atualidades, do que está acontecendo em todo o mundo. A gente aprende realmente qual é a finalidade de cada bloco econômico, disse.
Para o professor Almeida, que fez mestrado na União Européia, os acontecimentos dessa última semana, entre eles os atentados terroristas aos Estados Unidos, vão trazer profundas modificações nas relações diplomáticas entre os países. Isso coloca os Estados Unidos, que sempre foram grandes negociadores, numa posição de fragilidade no que diz respeito às suas relações diplomáticas. Agora, eles vão ter que repensar suas políticas e também se colocar na posição de menos imposição e mais negociação agora. Eles não mais poderão ter suas relações diplomáticas numa atitude impositiva, analisa.