Clássico de Machado de Assis adaptado para o teatro, Memórias Póstumas de Brás Cubas será apresentado hoje, no Teatro Municipal; espetáculo é boa pedida para vestibulandos.
Uma das mais prestigiadas obras da literatura brasileira ganha o palco do Teatro Municipal hoje. Memórias Póstumas de Brás Cubas, espetáculo baseado no livro homônimo de Machado de Assis, adaptado pelo diretor Rick Von Dentz, com elenco da WZ Brasil Produções, começa às 20 horas.
Memórias Póstumas de Brás Cubas é inteligente e possui o humor fino e sutil, característico de Machado de Assis. Nele, é após sua morte que Brás Cubas decide narrar suas memórias.
Nesta condição, nada pode suavizar seu ponto de vista irônico e mordaz sobre a sociedade e as instituições hipócritas do século 19.
Tudo parece passar pela ótica do morto-autor: o casamento, o adultério e o individualismo. Memórias Póstumas de Brás Cubas é o marco inicial do realismo brasileiro.
No início do peça, Brás Cubas narra sua morte. Através de um retrocesso no tempo, as cenas vão se passando desde seu nascimento até, novamente, o óbito.
O nascimento, os mimos da família, os palpites dos tios sobre o futuro da criança e as peraltices do já menino Brás dão ritmo ao espetáculo. Aos 17 anos, Brás Cubas se envolve em uma de suas grandes paixões.
Trata-se de Marcela, uma espanhola maliciosa, interesseira, que lhe dava amor em troca de presentes caros. O envolvimento é tão grande, que fica endividado e é mandado pelo pai para estudar em Coimbra, em Portugal.
Após a morte de sua mãe, Brás Cubas volta cheio de desgosto ao Brasil e refugia-se em uma chácara da família. O pai vai buscá-lo com a promessa de um bom casamento e um cargo de deputado através do futuro e influente sogro.
Mas o noivado dura pouco. Brás perde a noiva para um tal de Lobo Neves. Desgostoso, o pai falece depois de quatro meses. Após a morte do pai, a irmã e o cunhado mostram-se vorazes pela herança. Já homem maduro, Brás Cubas reencontra o colega de colégio Quincas Borba. O reencontro rende alguns conflitos internos para Brás.
Quincas é um tanto quanto louco, cômico e filosófico. O amor de Brás Cubas ressurge por Virgília. Desta forma, Brás, Virgília e Lobo Neves formam um triângulo amoroso.
Os anos se passam, e com eles os amores. Brás fica só e doente. Recebe uma visita de Virgília e num delírio faz uma viagem em busca do sentido da vida e dos segredos da eternidade. Acaba morrendo. Tudo é descrito pelo próprio Brás Cubas, que durante o espetáculo faz uma autocrítica de sua visão de mundo.
A beleza da peça é retocada pelo espírito céptico e sarcástico de Machado de Assis.
No elenco, os atores Paulo Oliveira, Silmara Deon, Valdir Rivaben e Walter Ferreira. Além da direção e adaptação, Rick Von Dentz é responsável também pela sonoplastia, iluminação e trilha sonora. O figurino é de Nilton Araújo e a produção executiva de Luciana Engel.
Em 12 anos de carreira, a WZ Brasil Produções já fez 14 montagens. Entre elas, Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida e Capitães de Areia, de Jorge Amado. O espetáculo é uma boa opção para os vestibulandos da Fuvest, PUC e Unicamp.
Serviço
Memórias Póstumas de Brás Cubas, hoje, 20h, no Teatro Municipal Celina Lourdes Alves Neves. Ingressos: R$ 16 e R$ 6 (antecipados) - preço especial p/ escolas (11) 4815-6358 / 9868-1371. Av. Nações Unidas, 8-9. Informações: 235-1312 / 235-1072 / 235-1052. Apoio: 96 FM e Jornal da Cidade. Realização: Secretaria Municipal de Cultura.