Uma senhora que me visitava, em 1993, pôs-se a falar de uma dantesca figura conhecida pelo número 666. Empolgada, pegou uma lata de óleo, e, apontando para o código de barras dizia: Todos nós vamos ter um número. É como isto aqui, que é, também, o sinal do satanás, etc., etc... Mesmo não entendendo nada, fiquei preso àquele assunto, que parecia fascinante. Senti-me atraído para uma proposição que nunca teve a minha simpatia. Por que tanto medo do satanás? Acaso estamos nos céus, onde ele nunca estaria?
Acabei aprendendo que aquela figura poderia dizer, porque era autoridade, grandezas e blasfêmias, por 42 meses. E que cada mês equivalia a 30 anos, perfazendo, assim, 1.260 anos da nossa era. Li e ouvi prolongados discursos sobre o polêmico sinal e a nebulosa centena. Será que o orientador religioso daquela pobre mulher teria dito algum dislate aos seus fiéis? Será mesmo que não houve exageros? Concluí que todos que gostam desse assunto, ou de falar dele, deveriam ser mais preparados, dotados de mais urbanidade.
A explicação mais plausível que aprendi não traz absolutamente nenhuma novidade para as pessoas de bom senso, ou que não primam pela hostilidade religiosa. Já não basta a desavença a custo de sangue, entre americanos e fundamentalistas muçulmanos? Ou entre católicos e protestantes, na Inglaterra?
João Paulo II, o maior de todos, sem dúvidas, há pouco tempo pedia perdão à Humanidade pelos erros da sua Igreja, enfrentando o constrangimento de ter que admitir os graves equívocos do passado. Mais exatamente, um passado que se encaixa naqueles mesmos 1.260 anos, que vão de 610 a 1870 da nossa era. Pois, em virtude da evolução científica e filosófica, a partir de 1870 as Autoridades Divinas, para não sucumbirem diante da nova face do Cristianismo, promoveram concessões que todos conhecem. Na verdade, o Cristianismo sempre teve a mesma face; porém, nós, pobres humanos, tínhamos que distorcê-lo, conforme conta a história?
Com solidariedade, respeito e um pouco de história, talvez não façamos tantas confusões desnecessárias. Deixemos o código de barras seguir sua trajetória, sempre útil para o que foi genialmente criado. Ali não pode ter sinal de satanás, mas sim da inteligência humana, pela qual somos agradecidos a Deus. Finalmente, acho que João Paulo II fez muita falta no período acima destacado; bem que ele poderia viver aqueles 1.260 anos, e seríamos mais felizes, com certeza.
Finalmente, concordo que é muito difícil interpretar as visões do venerável João!...
Nota - Nunca li Júlio César Prado. (Antonio Ribeiro Corrêa - RG: 4.168.220)