O condomínio está aplicando a verba do Prodec na implantação do programa de coleta de materiais recicláveis.
Em breve, os cerca de 20 mil quilos de lixo produzidos mensalmente pelo Condomínio Flamboyants, localizado no Jardim Marambá, terão destino mais adequado. A administração do condomínio e a associação de moradores estão implantando a coleta seletiva do lixo, que deverá ser vendido e reciclado.
De acordo com Iraci Paiano Silveira, membro da associação de moradores, a comunidade está aplicando a verba do Prodec destinada ao condomínio - cerca de R$ 80 mil - na instalação de interfones e na implantação do programa de coleta seletiva de lixo.
Os moradores, em votação, decidiram as prioridades do condomínio. Entre as necessidades referentes a questões sociais, como a construção de um centro de convivência, e aquelas referentes à segurança dos moradores, venceu, num primeiro momento, a última.
A maior parte dos recursos foi empregada na instalação de um sistema de interfones nas portarias, com o objetivo de intensificar o controle de entrada de pessoas no condomínio.
O restante da verba, R$ 14.679,46, está sendo aplicado, agora, na execução do programa de coleta seletiva de lixo, com a assessoria da Universidade do Sagrado Coração (USC). Também estava em votação a cobertura da quadra de esportes, mas o dinheiro não seria suficiente, disse Iraci.
O projeto foi feito por um morador do condomínio e foi realizada uma licitação para escolher a empresa que deverá executá-lo.
Inicialmente, quatro lixeiras já existentes para coleta de lixo normal serão adaptadas para a coleta seletiva.
Além da preocupação ambiental, o programa foi escolhido também como uma alternativa para geração de renda. A intenção é vender o lixo reciclável a uma empresa e utilizar o dinheiro obtido com a venda para ampliar o sistema de coleta seletiva dentro do condomínio, além de investir num programa de conscientização dos moradores.
São 640 apartamentos cujos moradores deverão aprender a separar em casa papel, plástico, vidros e metais limpos. Assim, o condomínio passará a ter o lixo orgânico não-reciclável, que será levado pela coleta comum, e o lixo inorgânico reciclável. A coleta seletiva refere-se a este último.
A longo prazo, a renda obtida com a venda dos materiais recicláveis será aplicada em melhorias para o condomínio, como pintura das paredes.
Hoje em dia, se não fizermos coleta seletiva, não teremos recursos naturais daqui a alguns anos, disse Iraci.
O atual presidente da associação de moradores do condomínio, José Xaides de Sampaio Alves, destaca que, para o trabalho de conscientização dos condôminos, serão buscadas parcerias com órgãos e instituições, como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), e o Instituto Ambiental Vidágua.
Município
A coleta seletiva de lixo, em Bauru, é feita pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) e abrange cerca de 50% da área urbana do Município.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Luiz Pires, tem como meta implantar a coleta seletiva em 100% da cidade, até o final da atual Administração.
No entanto, apesar da abrangência considerada alta da coleta no Município, apenas 1% do lixo é reciclado, de acordo com o vereador Rodrigo Agostinho. A maior parte da população não participa. Se a população não participa, a Prefeitura não investe, disse.
Para o vereador, o problema demandaria um trabalho de conscientização ambiental realizado junto à população, para que as pessoas se habituassem à idéia de mudança de hábito e passassem a separar o lixo em casa.
Em cidades do porte de Bauru, a média de produção de lixo por habitante é de um quilo por dia. Bauru produz, diariamente, 300 toneladas de lixo, sendo que a maior parte é enviada ao aterro sanitário. O volume de lixo arrecadado na coleta oficial de lixo é de 600 toneladas por mês.
Além da coleta oficial, existe a coleta seletiva informal, feita por catadores de latinhas e papel. Calcula-se, segundo Agostinho, que um terço do lixo produzido por Bauru deixa de ir para o aterro devido a essas iniciativas. Muito mais pela coleta informal, ressalta o vereador.
Existem cerca de 20 empresas de reciclagem de lixo na cidade e duas cooperativas de catadores - uma no Jardim Redentor, apoiada pela Prefeitura, e uma no Parque Jaraguá (Cooperjag), que recebe auxílio informal da administração municipal.
Se a reciclagem ganhasse adesão dos bauruenses, a vida útil do aterro sanitário inaugurado em 1992 - após ação civil pública - aumentaria em alguns anos. O problema é que a população não quer mudar seus hábitos. É desperdício de energia, matéria-prima e mão-de-obra, reforça Agostinho.
Inicialmente, o aterro teria vida útil de 20 anos. Como não foi colocada em prática a idéia de implantação de uma usina de reciclagem, esse número foi reduzido a 10 anos. Atualmente, ele está com sua capacidade quase esgotada e já está sendo providenciada a abertura de um novo aterro, ao lado do já existente, próximo às penitenciárias I e II de Bauru.