Pescaria das "arábias"
Caros leitores desta salutar e piscosa coluna: - Volto a escrever sobre a coisa mais gostosa do mundo (depois da Joana Prado e da Luciana Gimenes) que é, sem dúvida, uma boa pescaria. Já pensaram, vocês pescando, tranqüilamente, e fisgar uma sereia daquelas que eu citei! Acaba com a pescaria, não é mesmo? Ou melhor, acaba com a minhocuçu!! Deus me livre! (ou melhor, me ajude!!!).
Voltando à pescaria, confesso que desta vez passamos um susto lá em Mato Grosso do Sul. Digo passamos, pois estávamos eu e o meu querido amigo Zé Roberto, acampados nas proximidades da cidade de Miranda, às margens do rio que leva o mesmo nome daquela agradável localidade. Tudo como sempre, barco, motor de popa, molinetes, iscas, cervejas, (estas não faltam nunca), beliscos e água. Saímos logo de manhã, quando os primeiros raios de sol anunciavam, timidamente, o novo dia, que seria repleto de emoções. O vento fresco (no bom sentido) nos acariciava o rosto, enquanto o barco rasgava as águas do rio, em direção ao nosso costumeiro ponto de pesca. Chegamos. A poita foi jogada na água.
Tchigummmm! (som onomatopéico da poita caindo na água barrenta do Miranda). Tem início a nossa ruidosa acomodação, na preparação das varas; é chumbada que bate nas bordas do barco, é alicate que escapa da mão, é a ponta da vara roçando nos galhos mais baixos das árvores, enfim, é um barulhão danado, próprio dos pescadores amadores e desajeitados! Não fica um só pássaro nas proximidades! Por sorte, estávamos só nós dois naquele trecho do rio. O silêncio se fez presente novamente. Voltamos a perceber o suave farfalhar (fffssfffsssssiuuuuu) - mais um som onopatopéico - do vento passando por entre as folhas das copadas árvores que, generosamente, cediam a sombra gostosa para o nosso conforto.
As linhas esticadas oscilavam de um lado para o outro, ao sabor das águas calmas. Calmas até então. Ouvimos, repentinamente, algumas pequenas explosões que pareciam estar acontecendo rio acima. Um pouco depois, percebemos dois grandes barcos que desciam o rio com os motores desligados, propiciando a pesca de rodada. Mais de perto, pudemos ver, para nosso espanto, pescadores vestidos com roupas de muçulmanos, turbante e tudo mais. Eram quatro em cada barco, com molinetes estranhos. Estranhos e inusitados, pois na ponta da linha de cada um deles havia um pequeno avião, que brilhava ao sol ao ser lançado na água. Assim que ele afundava, Buuuummmm!!! explodia, fazendo voar pelos ares, água e alguns peixes. Era uma pesca Terrorista!
Perplexo, percebi tratar-se de Ossama Bin Laden quem estava no comando!!!
Falei pro Zé Roberto: E agora José? Vamos cair fora ou esperar pelo pior? Antes de qualquer resposta do Zé, surgiram lá na curva do rio, alguns barcos da Polícia Florestal, com alto-falantes na maior altura, pedindo para que os pescadores das Arábias encostassem os barcos. Foi aí que, arrepiados, ouvimos a voz do tal de Ossama, que gritou: - Batrício bensa que vai pegar Ossama? Brá isso bai ter que Hezbollah buito! Pensei, então com meus anzóis: Agora ele vai explodi o Escritório do Ibama!!! Vamos atrás deles junto com os policiais. Zé!!! E fomos! Em cada trecho do rio, pedíamos ajuda e, logo depois, já havia centena de barcos no encalço do famigerado terrorista. Conseguiram prender o amigão do presidente dos Estados Unidos. Mas não foi fácil para os Florestais e, sim, a maior Bush a!! Imaginem!! Os pescadores da região queriam linchar o moço! Só porque ele não é um moço hulmano? Realmente pessoal, vendo o homem de perto, dá pra sentir que não! Ele tem olhos de jacaré, veneno de cobra no coração e a voracidade das piranhas. Que Allah nos livre desse conturbado (ou seria com turbante) terrorista. Mas como dissemos antes, o povão queria acabar com ele. Defendendo a paz, tivemos que evitar tal chacina. Para os que não acreditam nesta história, mandamos a foto do exato momento em que tentávamos, eu e o Zé Roberto, acalmar a turba ensandecida, que pretendia fisgar o belicoso pescador de Allah. E depois que o levaram preso, fomos ver que ele pescara (ou melhor, explodira) um grande peixe. Foi um enorme Suru Bin Laden de 30 quilos!!
Um abraço a todos e que Deus nos permita pescar sempre em paz, mesmo com algumas estórias como esta!
(*) Fernando Lucilha Júnior é pescador e contador de histórias