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Entidades discutem Água do Sobrado

Gilmar Dias
| Tempo de leitura: 3 min

Associação de moradores, OAB, Terra Viva e Centro de Pesquisa sobre Cidades cobram mais participação no Comdurb.

Bosque, anéis viários para interligações, aproveitamento da área verde e de fundo de vale e despoluição de nascentes. Essa é a proposta de entidades organizadas para a região banhada pelo córrego Água do Sobrado - Região Oeste da cidade -, onde residem cerca de 40 mil pessoas.

O Instituto Terra Viva, comandado por Rosa Morselli, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), representada pelo advogado Dorival Mansano, a Associação Pedagógica Água do Sobrado e Associação de Moradores do Jardim Jussara, representada por José Carlos Jordan, e a Associação de Moradores do núcleo habitacional Joaquim Guilherme, presidida por Eral da Silva, querem participar da elaboração de um plano diretor para aquela região da cidade.

Eles contam com o apoio do arquiteto e professor José Xaides, do Centro de Pesquisas sobre Cidades (CPC), ligado à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A proposta, segundo Xaides, é promover a participação popular e abrir um canal democrático nos debates sobre o planejamento urbano do Município.

O arquiteto critica o modelo centralizador e tecnocrático de discussões sobre o tema. É preciso mudar a relação do Poder Público com os donos de terra, com os empresários e com a comunidade. Hoje já temos meios para promover avanços sociais através de políticas públicas, diz.

Xaides explica que o plano diretor que está sendo discutido pelas comunidades que residem na bacia do córrego Água do Sobrado tem a intenção de aplicar, na prática, uma operação urbana consorciada. A comunidade tem interesse em buscar junto aos donos de terra a possibilidade de concretizar suas idéias para a área.

O arquiteto conta que o primeiro passo já foi dado. Reuniões realizadas recentemente com as comunidades apontaram as demandas de necessidades, através de um diagnóstico que se converteu numa radiografia do setor.

Ele avalia que a Região Oeste da cidade é marginalizada. Ela não tem um pólo de desenvolvimento, não atrai empregos, diz. Xaides acredita que a esperança de futuro para a região chegou com a instalação das Faculdades Integradas de Bauru (FIB). A FIB é hoje o grande motor da região.

Carente de equipamentos públicos (creches, postos de saúde, escolas), os bairros que integram a bacia do Água do Sobrado ainda são vítimas de uma grande erosão, nas proximidades da nascente do córrego, provocada pela construção do núcleo Joaquim Guilherme.

O arquiteto comenta ser preocupante a possibilidade de a Secretaria de Planejamento (Seplan) e a Secretaria de Meio Ambiente (Semma) não terem planos de aproveitamento de uma grande área verde, localizada nas proximidades da FIB, e que pode ser transformada num bosque, que ofereceria uma opção de lazer para a comunidade daquela região da cidade.

Ele criticou a atuação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (Comdurb), considerado pelo arquiteto um órgão tecnocrático. O Comdurb não conta com a participação popular nas suas reuniões e decisões. Exemplo disso é essa proposta da comunidade do Água do Sobrado que já chegou ao conselho. Ao invés de programar um debate sobre a proposta com a participação popular, simplesmente foi tirada uma comissão de técnicos para estudar o assunto.

O projeto da Administração de construir uma avenida nas margens do córrego Água do Sobrado, a partir da praça Chujiro Otake, também é alvo de críticas de Xaides. O arquiteto diz que o aproveitamento de fundos de vale para implantação de avenidas já é ultrapassado porque provoca danos ao meio ambiente.

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