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Bauru terá Centro de Tradição Gaúcha

Sabrina Magalhães
| Tempo de leitura: 3 min

Paranaense convida simpatizantes da cultura campeira para participarem da patronagem, que já existe em diversas cidades

Espalhar e manter a cultura gaúcha em diferentes partes do País. Este é o objetivo do Centro de Tradição Gaúcha (CTG), que deverá ganhar espaço em Bauru nos próximos meses. Criado em janeiro de 1948 por um grupo de estudantes, o CTG já soma cerca de 4,5 mil unidades em vários estados do Brasil, além de ter representantes na Europa, Estados Unidos e Japão. Agora, o paranaense Clóvis Soares Fernandes está reunindo simpatizantes da cultura gaúcha na região para trazer o CTG à cidade.

Ao contrário do que todo mundo pensa, o gaúcho não é a pessoa nascida no Rio Grande do Sul. Esta é riograndense do sul. O gaúcho é o homem do campo. Então, qualquer pessoa do universo pode ser um gaúcho, desde que respeite, ame e cultive as tradições do homem do campo, afirma Fernandes.

O CTG surgiu com um grupo de estudantes de Porto Alegre (RS) que se viu revoltado diante da americanização do Brasil. Terminada a Segunda Guerra Mundial, a América do Norte tornou-se o centro irradiador de moda e cultura, que foi se difundindo por todos os cantos. O Brasil começou a viver o hot-dog, as bermudas, os DJ (disc-jockeys) e muitos outros termos e hábitos importados, lembra.

Nas livrarias, disparavam os best-sellers, as rádios só tocavam sucessos internacionais e os quadrinhos só vendiam super-homem, Capitão América e outros heróis de origem norte-americana. Em contrapartida, a cultura regional foi recolhida: o chimarrão tornou-se um hábito anti-social, usar botas e bombacha (vestimenta típica) era totalmente estranho à nova realidade.

Inconformados com este cenário, oito alunos do Colégio Estadual Júlio de Cartilhos resolveram mobilizar-se para resgatar as raízes culturais e históricas da região. Em agosto de 1947, eles fundaram, junto ao Grêmio Estudantil, o Departamento de Tradições Gaúchas, fazendo surgir o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). O primeiro CTG seria inaugurado em janeiro do ano seguinte.

Patronagem

O CTG funciona como um clube esportivo, mas ao invés das piscinas e quadras, o associado freqüenta um ambiente campeiro, onde são relembrados os costumes das estâncias. A organização também segue a hierarquia das fazendas do Interior. O patrão é responsável pelo CTG, os capatazes cuidam dos diversos setores da entidade, o caseiro é um secretário, enquanto os pilchas cuidam do dinheiro (tesoureiros).

Neste ambiente, onde a decoração é rústica e o uso da pilcha (traje típico completo do gaúcho) é obrigatório, os simpatizantes da tradição reúnem-se em cursos de danças (chula, fandango), rodas de chimarrão, apresentações literárias, artísticas ou de músicas nativistas, rodeios, disputas de laço e - claro - o tradicional churrasco, feito em fogo de chão.

Fernandes destaca que o CTG é uma entidade sem fins lucrativos. Os associados contribuem com um valor mensal (não divulgado) para a manutenção e custeio das atividades e o grupo busca doações junto à comunidade. O paranaense informa que, na região, existem CTGs em Ourinhos, Marília, Avaré e Santa Cruz do Rio Pardo. Ele informa que o movimento tem apoio de várias secretarias da Prefeitura Municipal e já foi contatado por 15 pessoas.

Serviço

Clóvis Fernandes convida os simpatizantes da tradição gaúcha a participarem do grupo. As reuniões deverão começar nos próximos meses. Pessoas interessadas devem entrar em contato pelo telefone (14) 234-5323 ou na rua Edson Rodrigues Pitta, 7-48, Alto Paraíso. Para saber mais, basta acessar o site: www.ctglj.com.br.

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