JC Criança

Conversar para viver melhor

Roberta Mathias
| Tempo de leitura: 4 min

Crescer não é fácil. A turminha vive cheia de obrigações: escola, lição de casa, cursos, esportes, arrumar o quarto, cuidar do irmãozinho, ler e, a melhor de todas as “tarefas”, brincar.

No dia-a-dia da criança, muitos acontecimentos colaboram para formar o adulto que será amanhã.

Por isso, cuidar da educação de um filho é ainda mais difícil que crescer. Quando a mãe repreende um filho por ter feito alguma coisa errada, naquele momento ela pode parecer a pior pessoa do mundo, uma bruxa que não deixa fazer nada. O que não é verdade. Os pais também não gostam de ficar bravos e dar uma bronquinha, mas é necessário que a criança conheça os seus limites a aprenda a respeitá-los.

Às vezes até parece que é proposital, exatamente quando a brincadeira está ficando boa, a mãe aparece no portão e chama para tomar banho e dormir. Aí é aquela choradeira e a velha frase: “Só mais um pouquinho!” Muitas vezes, cedendo aos apelos do filho, vem a conceção para mais alguns minutos para brincar, que passam num piscar de olhos. Aí não tem mais jeito, o melhor é obedecer.

Só que no dia seguinte, a história se repete. Será que a criançada não tem memória? Que nada! Segundo a psicóloga do Centro Regional de Registro e Atenção aos Maus Tratos à Infância (Crami) Patrícia Felix Providello, 31 anos, a criança tenta testar os pais, sentir se é amada e chamar atenção.

Infelizmente, hoje não é difícil encontrar crianças que não obedecem os pais e desrespeitam até os professores. Pais e filhos se confundem na hora de estabelecer os direitos e deveres de cada um e aí, pronto, a criança não respeita a autoridade de ninguém. Patrícia explica que o primeiro passo para caminhar na educação de um filho é dar exemplo. â€œÉ difícil para um pai exigir certas atitudes do filho se ele mesmo não as pratica”, comenta. A educação é feita de acertos e erros, mas é necessário que os pais estejam abertos para conversar e abrir espaço para os questionamentos da criança.

“Quando o meu pai fala AGORA, é agora mesmo!”, conta Caio Vinícius Sanches, 11 anos, irmão de Victor Hugo, 10 anos, e Gabriela, 9 anos. “A gente fica brincando na rua e ele chama, voltam o três para casa”, completa.

O trio divide o dia-a-dia com a avó Marlene, que colabora na educação da turminha. Victor Hugo, por exemplo, evitou de contar que se machucou na escola para não levar bronca. Mas no geral, eles são, segundo a avó, comportados e dedicados. “Só é difícil fazer a turma acordar para ir à escola”, lembra Marlene.

Ulisses Gomes de Andrade, 10 anos, assume que faz algumas birras para conseguir o que quer. “Quando a minha avó Ernestina está escutando música italiana e eu quero ouvir as minhas músicas, insisto até ela deixar. Ela já decorou aquelas músicas”, brinca. O que ele às vezes não entende é porque alguns adultos (professores, por exemplo) gritam com as crianças.

Todos gostam de ser respeitados, crianças e adultos, mas na hora da discussão todos querem ter razão e acabam resolvendo no grito, o que é péssimo. “Conversar, colocar os erros e alternativas para que eles sejam corrigidos é fundamental, sempre sem agressão”, explica a psicóloga.

As irmãs Taysa Aparecida Novaes de Oliveira, 11 anos, e Thayres, 10 anos, são habituadas a ajudar em casa e têm uma boa relação com os pais. “Só que às vezes minha mãe tem que falar mil vezes para eu arrumar o quarto, por exemplo, mas eu arrumo”, conta Taysa. Por outro lado, ela repreende atitudes de violência nas brincadeiras. “Um dia um garoto colocou uma bomba na escola e acabou machucando um outro menino. Não achei legal a brincadeira!”

A Isabella Godiano Siqueira, 11 anos, assume que tem preguiça e não gosta de ir a pé para a escola. “Quando eu faço alguma coisa errada, falo: mãe, você não vai me bater? Aí eu conto”, brinca Isa.

É bom ter pertinho as pessoas que amamos, por isso, evitar discussões e aprender a conversar é um bom caminho para se aproximar das pessoas e crescer. Só não esqueça de brincar!

Recadinho para os pais

O diálogo é muito importante para você se aproximar de seu filho. A criança precisa sentir-se amada e ao mesmo tempo ter limites de acordo com a sua idade, assim ela aprende a assumir as conseqüências de suas atitudes. Lembre-se que exercer autoridade é muito diferente de autoritarismo.

Algumas vezes, o comportamento agressivo de uma criança pode esconder sua carência de afeto e atenção. Sinta-se à vontade em buscar ajuda profissional quando estiver com dúvidas em relação ao comportamento de seu filho.

Acompanhe o crescimento de seu filho, seu desempenho na escola, converse bastante e estabeleça uma relação de confiança para que ele perceba que é amado e respeitado.

O telefone do Crami é 235-3000.

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