JC Criança

Ziraldo inventa mais uma personagem encantada

Roberta Mathias
| Tempo de leitura: 2 min

Um dos mais novos personagens literários de Ziraldo é uma linda bonequinha de pano, daquelas feitas em casa, com recheio de palha de colchão, cabelo de lã, saia de seda e de retalhos de tecidos finos, como finas eram as roupas de antigamente, boca sorridente de bordado feito com linhas Corrente e olhos de botões de cueca ( é, cueca que era cueca boa e que se prezasse antigamente tinha botões, bem pretinhos).

Ela chama Pitucha e vai emocionar muito - porque é uma bonequinha muito esperta. O livro “Bonequinha de Pano - Peça em dois atos para uma só atriz" foi escrito por Ziraldo, ilustrado pelo Mig e editado pela Editora Melhoramentos no começo de ano.

No texto, entremeado de bonitas ilustrações, e na forma de roteiro teatral, Ziraldo recria todo o imaginário de uma boneca que “acorda” em um sótão e começa a lembrar de sua vida, ao lado da “mãe”, a menina para a qual ela foi feita carinhosamente por uma avó zelosa, pensando em distraí-la da tristeza de ver seus pais se separando. A bonequinha de pano relembra todos os bons e maus momentos que viveu com ela, a menina Leninha, de quem era confidente, e assim vai mostrando, através do teatro e da literatura, os principais fatos da vida de uma menina: a primeira menstruação, o primeiro amor...

- Para onde vão as bonecas quando a menina cresce? - é uma das primeiras coisas que a simpática bonequinha perguntará à sua platéia. Sim, porque é possível encenar a história que ela conta.

É o próprio Ziraldo quem melhor nos apresenta sua obra:

“Aqui está um conto escrito para crianças, para jovens, para a família inteira ou pra todo mundo que tem saudade do tempo de infância. Um conto escrito em forma de peça de teatro, narrado por uma boneca de pano. Virou peça de teatro pois só no teatro, que é a imitação da vida, uma boneca de pano pode falar e contar sua história."

No segundo ato, explica o autor, a narradora já é outra. "Aí está o segredo dessa narrativa: ela mostra que a vida é uma coisa que recomeça sempre, que se renova, que é como uma roda, uma linha circular, que a gente não sabe onde começa nem onde acaba. Esta peça pode ser lida em casa - com todo mundo prestando atenção -, pode ser lida, só a gente mesmo, numa caminha macia e pode virar um espetáculo de teatro, com uma atriz mostrando todo o seu talento, Ou com uma porção de crianças recompondo toda a história que a Bonequinha de Pano conta. O bom desta narrativa é que a gente pode inventar muito em cima dela, tanto os nossos sorrisos como as nossas lágrimas”.

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