Saúde

Dente torto aflige 97% dos brasileiros

Fabiana Teófilo
| Tempo de leitura: 3 min

Os homens, desde seus primórdios, têm problemas de má-oclusão (alinhamento dos dentes). Somente 3% dos brasileiros nascem com uma formação normal de arcada dentária. Dos 97% que têm algum tipo de defeito, cerca de 60% chegam a realizar um tratamento. Os casos de má-oclusão podem ser classificados em suaves, médios e graves.

Essas informações são do especialista José Fernando Castanha Henriques, da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP). Ele conta que a ortodontia surgiu como disciplina nas faculdades de Odontologia no Brasil em 1925 e veio para Bauru em 1973, já utilizando a mesma técnica conhecida no mundo inteiro. Somente em 1959 é que se iniciaram os cursos de especialização nesta área. “A ortodontia, no Brasil, não é muito antiga. Ela sempre foi ligada à estética. Hoje é que se pensa mais em saúde”, afirma.

O dentista, também especialista em ortodontia, Arnaldo Pinzan diz que estudos feitos na região de Bauru comprovam que de cada 200 pessoas apenas uma (0,5%) tem todos os dentes corretamente posicionados. â€œÉ anormal quem tem os dentes perfeitamente posicionados. 99,5% da população de Bauru e região precisa de tratamento”, conta. Desses 99,5%, cerca de 60%, de acordo com Pinzan, se inserem na classe 1, ou seja, problemas de altura, largura e profundidade relacionados à posição dos dentes. “Muitos desses casos são originários de hereditariedade. Uma criança que tem o pai alto, magro, com o rosto fino e a mãe mais baixa, mais gordinha, com o rosto largo, provavelmente, de acordo com a combinação genética, terá ossos pequenos para dentes grandes. Nesse caso, tem que tratar com a ortodontia corretiva”, explica.

De acordo com Henriques, a ortodontia se resume em algo que propicia a saúde bucal e o bem-estar social do paciente, trazendo uma oclusão estável com estética agradável e boa função, como mastigação, respiração, entre outros. “Quando se resolve um problema ortodôntico, também se resolve problemas como deglutição, respiração, fonação e, também, um problema social no que diz respeito à estética”, explica.

É por esse motivo que Pinzan afirma que a ortodontia, atualmente, trabalha junto com fonoaudiólogo, otorrinolaringologista, nutricionista, psicólogo, clínico geral, ou seja, uma equipe multidisciplinar.

A ortodontia cuida da prevenção e do tratamento dos problemas dos dentes em má posição nos arcos dentários. Ela ajuda a arrumar os dentes que estão ou poderão ficar “tortos”.

As duas razões mais comuns para realizar um tratamento são a estética e funcional. Uma pessoa pode fazer um tratamento para ficar mais bonita, preocupando-se apenas com a beleza do seu sorriso, ou então precisa de um tratamento por problemas com a má posição dos dentes, que causa mastigação inadequada, dores ou problemas mais sérios, como defeitos na face e até dor de cabeça.

De acordo com os especialistas consultados, existem casos muito comuns em que a má formação ou má articulação dos maxilares acarreta dores na região do ouvido e da cabeça. Para saber se esse é o problema, deve-se consultar um ortodontista.

O tratamento pode ser feito em todas as pessoas e em qualquer idade. Há alguns anos, era mais comum ver apenas crianças e adolescentes com aparelhos. Por estarem em fase de crescimento, aproveita-se a formação dos dentes e dos arcos para logo colocá-los na posição correta, de acordo com Henriques.

Hoje em dia, adultos estão cada vez mais preocupados em “recuperar o tempo perdido” e a idéia de que os dentes não podem ser mais “consertados” já foi abolida. Atualmente, existem aparelhos ortodônticos estéticos, feitos de cerâmica ou safira laboratorial que são muito utilizados em adultos.

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