Os traumas causados por ruídos na audição podem ser classificados em duas categorias. Os agudos são causados por um som muito intenso como a explosão de um rojão, por exemplo. O trauma crônico é aquele que se dá com o tempo. As pessoas que, no dia-a-dia convivem com níveis altos de ruído, vão aos poucos perdendo a audição.
A médica otorrinolaringologista Sílvia Regina Megale explica que o trauma agudo é provocado por um forte barulho. Uma explosão por exemplo, faz com que haja um deslocamento de ar muito importante no tímpano e repercute no resto do ouvido.
Um som intenso, de acordo com ela, é um deslocamento de ar, movimenta a membrana timpânica e vai para o ouvido interno, causando surdez. “O mínimo que um paciente sente depois de um barulho intenso (até mesmo um show em casa noturna) é o zumbido e a sensação de tapado. Em seguida, pode-se sentir a perda auditiva e uma tontura.â€
Sílvia detalha que, no ouvido, há duas membranas chamadas de janela oval e janela redonda. O som, quando entra, produz uma movimentação dos líquidos e eles soltam uma energia podendo romper, o que é chamado de fístula. “A fístula dá uma tontura muito grande e pode causar uma surdez irreversívelâ€, diz.
A perda irreversível da audição, conta a médica, vai depender da intensidade do barulho. Depois do trauma acústico agudo, a pessoa ficará alguns dias com a sensação de surdez, de ouvido tapado. “Normalmente, esse trauma é unilateral, provocando problemas em um só ouvidoâ€, diz.
O trauma crônico, de acordo com Sílvia, se dá devido a uma exposição contínua a um ruído não tão intenso como o do trauma acústico agudo, mas que vai lesando as células de audição. “O que perde não se reverte maisâ€, afirma.
As pessoas que mais são vítimas do trauma acústico crônico são os trabalhadores de ambientes com fortes ruídos. Sílvia alerta para que usem os fones de proteção que são fornecidos pelas empresas. “A utilização dos fones de proteção previne os traumas acústicos. Todas as pessoas que estão expostas a ambientes barulhentos devem usarâ€, diz.
Com o passar do tempo, quem não utiliza os fones pode começar a ouvir zumbidos e ter perda auditiva. A exposição crônica, diz a médica, causa lesão bilateral, diferente da aguda que, normalmente, é unilateral.
Na fase precoce à exposição em ambientes com ruídos, uma perda de audição temporária é observada ao fim de um período, desaparecendo após algumas horas. A exposição contínua ao ruído resultará em perda auditiva permanente que será de natureza progressiva e será notada pelo trabalhador no decorrer do tempo.
Essas mudanças nos limiares auditivos, de acordo com Sílvia, podem ser monitoradas através de testes audiométricos e isso alertará os médicos que as medidas preventivas deverão ser iniciadas. Nos estágios avançados, uma perda de audição nas freqüências altas afetará seriamente a habilidade para entender a fala normal.
Em geral, pessoas com perdas auditivas nas freqüências altas não experimentarão dificuldades para detectar a fala, mas terão problemas para entender uma conversa.
A médica lembra que as telefonistas devem alternar os ouvidos para atender as chamadas e assim prevenir o trauma crônico.
Sílvia ressalta que, quando uma pessoa sofre o trauma agudo deve procurar o médico imediatamente porque pode ser reversível se for feito um tratamento adequado, dependendo do nível do trauma.
Em todos os casos, o tratamento precoce é o mais indicado. Já para o trauma crônico não há tratamento efetivo. A médica orienta usar o protetor e se assim mesmo a pessoa tiver um desconforto, a medida é a readaptação do funcionário dentro da empresa, sendo transferido para um setor que não tenha ruído. “Podemos tentar com medicamento fazer o paciente sentir-se melhor, mas é preciso um cuidado bastante grande como o uso dos fones de proteçãoâ€, afirma.