O armador V.C., 57 anos, foi surpreendido por sua vizinha, no quarto no qual mora, no Parque Vista Alegre, prestes a manter relações sexuais com uma gata, no domingo à tarde. O fato foi registrado no plantão da Delegacia Seccional como averigüação de crueldade contra animais.
O miado da gata chamou a atenção da vizinha, que aluga um cômodo, nos fundos de sua casa, a V.C. (o nome completo está sendo preservado pelo JC por tratar-se de averiguação). Acreditando tratar-se de sua gata de estimação, a mulher saiu à procura do animal. Ela percebeu que os miados e rosnados vinham do quarto dos fundos, alugado para o armador.
A mulher dirigiu-se para o local e surpreendeu o armador prostado de joelhos, com o pênis para fora da calça, tentando penetrar o ânus do animal. Perplexa diante da cena, ela gritou, o que fez o homem largar o animal.
Ela chamou a Polícia Militar, que encaminhou o acusado ao plantão policial, onde foi elaborado um boletim de ocorrência para averiguação de crueldade contra animais. Após prestar depoimento, o homem foi liberado.
O caso será investigado pelo 2.º Distrito Policial. O delegado Roberto Cabral Medeiros explica que será instaurado inquérito para apurar se houve a crueldade contra o animal. A pena para contravenção penal é de dez dias a um mês de prisão ou multa. A crueldade contra animais é contravenção penal, prevista no artigo 60 da Lei das Contravenções Penais.
O interesse humano por animais a ponto de desejá-los sexualmente é uma patologia rara, denominada zoofilia, explica o psiquiatra João Maurício Bolzan. â€œÉ considerado doente aquele que perde o desejo pelo ser humano e passa a tê-lo somente por animaisâ€, afirma.
Ele lembra que a zoofilia era mais comum no passado e entre adolescentes da zona rural. Eles subjugavam animais para satisfazerem seus desejos sexuais. Com a liberação sexual, imagina-se, segundo Bolzan, que a zoofilia tornou-se mais rara. “A gente não tem notícia de muitos casos, embora possam estar acontecendo e a gente não ficar sabendoâ€, frisa.
Os animais mais usados pelo homem para satisfazer os desejos sexuais antes da liberação sexual eram: cabra, galinha e égua. “A ausência de mulheres e o contato direto com os animais estimulavam a práticaâ€, ressalta.
Zoofilia seria rara
O veterinário Paulo Zanardi diz que nunca atendeu animais que tivessem sinais de violência sexual provocados pelo homem. “Em Bauru nunca atendi casos desse tipoâ€, afirma. Para ele, a história de que o homem do campo iniciava sua vida sexual com animais é um pouco de folclore. “No meio rural falava-se isso, mas eu nunca soube de casos concretos, mesmo na faculdadeâ€, completa.