No dia 14 de janeiro de 2004 o governador de São Paulo sancionou a lei n.º 11.658 que institui o dia 23 de Maio como o “Dia dos Heróis MMDCA” em homenagem aos combatentes da Revolução de 32. A modificação da famosa sigla que representa os combatentes paulistas foi acrescentado também um “A”.
O autor do projeto é o deputado estadual José Caldini Crespo (PFL). A nova lei refere-se a Alvarenga (Orlando de Oliveira Alvarenga), um dos mortos em combate em 23 de maio de 1932.
O projeto de lei do deputado Crespo baseou-se nas investigações do médico psiquiatra de Sorocaba dr. Hely Felisberto Carneiro membro, também, do Instituto Histórico-Geográfico e Genealógico de Sorocaba e do desembargador Emeric Lévay, coordenador do Museu do Tribunal de Justiça de São Paulo.
A Sociedade de Veteranos de 32 reagiu à mudança. Ela não foi consultada.
Esta lei foi aprovada com os votos dos paulistas nato e dos outros de adoção...
Para aqueles que conhecem a poesia de Guilherme de Almeida “A Santificada” vão encontrar... “e por isso é que tem quatro letras gravadas nas quatro estrelas douradas do topo MMDC”. Perguntam então: a bandeira vai mudar?
Esta conotação de estrelas e os combatentes é verdadeira na poesia mas não é correta quando se analisa a história da Bandeira Paulista.
Grande número de paulistas ignora que a sua bandeira não foi feita, inicialmente, para ser a do Estado Bandeirante. O seu autor, jornalista Júlio Cesar Ribeiro Vaugham, tinha como intenção fazê-la servir como a nova bandeira do Brasil ao ser proclamada a República, de que Júlio Ribeiro era fervoroso partidário e para cujo aparecimento muito trabalhara.
A divulgação do modelo proposto por Júlio Ribeiro foi feita, pela primeira vez, no jornal “O Rebate”, em 16 de julho de 1888, poucos dias após a abolição da escravatura. Entre outras explicações dizia: “As cores branca, preta e vermelha simboliza de modo perfeito a gênese do povo brasileiro, as três raças de que ele se compõe - branca, preta e vermelha. As quatro estrelas a rodear o globo, em que se vê o perfil geográfico do país representam o Cruzeiro do Sul, a constelação indicadora da nossa latitude astral. Para reforçar a idéia que ela surgiu como proposta de bandeira para a nova república, é o motivo pelo qual exibe um esboço do mapa do Brasil em sua cor azul dentro de um círculo branco.
De um certo modo, a bandeira alvinegra pode servir ao Estado Bandeirante por conter alguns tributos que nos são comuns (tanto a nós como ao País). Mas a verdade é que não foi feita para ser a nossa bandeira, ainda que viéssemos mais tarde a adotá-la, por ter sido São Paulo um grande foco de republicanismo.
Foi na fase pouco anterior ao Movimento Constitucionalista de 32, durante e após esse período agitado, que a bandeira de Júlio Ribeiro acabou cristalizando-se como autêntico símbolo da terra e do povo paulista.
A Bandeira Paulista é a tradicional, de uso popular, consagrada na Revolução Constitucionalista de 1932 e somente foi oficializada pela lei n.º 145 de 3 de setembro de 1948 pelo dr. Adhemar de Barros, governador de São Paulo.
Outra curiosidade sobre nossa bandeira. A primitiva imagem da bandeira, vista no jornal “O Rebate”, mostra-nos como composta de quinze faixas. Ora, da forma como hoje se apresenta, reduzida de duas, acabou sendo a réplica fiel da bandeira norte-americana. Tal semelhança não é de estranhar, pois assim foi feito também pelos republicanos do Rio de Janeiro, com a apresentação da conhecida “bandeira provisória da República”, a qual foi usada de 15 a 19 de novembro de 1889.
Era também formada de treze listras horizontais, alternando-se as de cor verde com as de amarelo tendo ainda um cantão preto no qual se encontravam 20 estrelas dispostas em quatro colunas, superpostas em cinco. Depois o cantão preto tornou-se azul.
Dia 19 de novembro de 1889 surgiu a bandeira oficial da República.
Parece que para atender as regras da heráldica, constataram que o número de quinze faixas não era bem proporcionado, faltando-lhe aquele equilíbrio necessário para conseguir a áurea proporção. Passaram então a desenhá-la com treze faixas.
Em novembro de 1934 o poeta Guilherme de Almeida ao dedicar-lhe poema arrebatador, a identifica, de forma bem nítida como sendo a “bandeira das treze listas”. (Dr. Antonio Lázaro Valeriani Marques - CRM/SP 8721)