Os usuários do transporte coletivo de Bauru terão um intervalo de uma hora e meia para utilizar o passe-integração quando o sistema estiver em funcionamento, a partir de 3 de junho. O período de tempo começará a contar quando o passageiro passar pela catraca eletrônica do primeiro ônibus e permitirá que ele embarque em uma segunda linha pagando R$ 1,90, sendo R$ 1,50 pelo bilhete comum e R$ 0,40 pela tarifa integrada.
O presidente interino da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), Waldomiro Fantini Júnior, confirmou o intervalo de tempo que será utilizado para a integração ontem, durante o 1º Encontro Municipal de Transporte Coletivo.
Para ele, uma hora e meia é mais do que suficiente para que os passageiros possam trocar de ônibus. “Levantamos que, em 95% das linhas do sistema, o usuário demora cerca de meia hora para chegar do bairro ao Centro. Ele terá mais uma hora para fazer a integração e, na maioria dos casos, terá tempo até para fazer alguma atividade rápida no Centro e voltar para o sistema”, argumenta.
O diretor da empresa Logitrans, responsável pela elaboração do projeto de implantação do sistema de passe-integração, Garrone Recke, concorda. “Há até um colchão de reserva embutido nesse tempo, porque o deslocamento das pessoas não leva tanto tempo em razão do tamanho de Bauru e da distância das linhas. Com certeza, será possível fazer a viagem toda em menos de 1h30”, analisa.
A notícia agradou o presidente do Conselho dos Usuários, Rubens Rodrigues de Souza. “Tecnicamente, a Emdurb entende que uma hora é o tempo suficiente para que todas as linhas se interliguem no Centro da cidade, mas nós pensamos nas possíveis falhas. Um ônibus pode quebrar, por exemplo, ou sofrer um atraso inesperado”, justifica.
Fantini Júnior lembra, porém, que o intervalo definido para a integração pode sofrer alterações no futuro. “Todo sistema novo precisa ser avaliado. Vamos medir e acompanhar o modelo e, se houver necessidade de alguma mudança, iremos promovê-la”, declara.
Dúvidas
Durante o encontro promovido ontem pela Emdurb, Conselho dos Usuários e empresas que operam o sistema de transporte coletivo de Bauru, também foi apresentado o esquema de funcionamento dos cartões e catracas eletrônicas.
A julgar pelas dúvidas demonstradas por alguns participantes do evento durante a demonstração, o início da bilhetagem eletrônica trará dificuldades de adaptação para boa parte dos usuários de Bauru. Eles questionaram desde o local correto para colocar o cartão até as formas de recarregá-lo.
Embora simples, o sistema causa estranheza para quem está acostumado com o modelo de passe de papel. Para reabastecer o cartão, por exemplo, o usuário deverá fazer a compra dos créditos no posto de venda da Transurb, associação que reúne as empresas do transporte coletivo de Bauru, mas terá a opção de receber esses créditos nas catracas eletrônicas dos ônibus.
Segundo a assessoria de imprensa da Transurb, uma campanha publicitária nos meios de comunicação irá explicar o funcionamento do sistema à população. Além disso, os usuários receberão, gratuitamente, gibis que mostram como utilizar os cartões e catracas eletrônicas.
Na abertura do encontro, a paternidade do passe-integração causou divergências. Depois de afirmar que luta há mais de 20 anos pela implantação do sistema em Bauru, o vereador José Walter Lelo Rodrigues (PFL) foi criticado pelo advogado Sérgio Rossetto, autor de uma representação enviada ao Ministério Público (MP) pedindo a adoção do modelo na cidade.
Além deles, o líder comunitário Claudinei Teixeira de Moura, que luta pelo passe-integração desde 1996, também reivindica a responsabilidade pela implantação do sistema.
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Data
A Emdurb havia previsto dar início ao sistema de passe-integração no dia 30 de maio, mas o decreto que estabelece o valor das tarifas foi publicado apenas na edição do dia 4 deste mês do Diário Oficial do Município (DOM). Como a legislação exige um intervalo de 30 dias para que os novos valores passem a vigorar, foi preciso adiar a bilhetagem eletrônica para 3 de junho.
A partir dessa data, o passe comum subirá de R$ 1,45 para R$ 1,50. Quem utilizar a integração pagará mais R$ 0,40, totalizando R$ 1,90.
A previsão da Emdurb é que a Câmara de Compensação Tarifária (CCT) terá um déficit mensal de R$ 154 mil com as novas tarifas. Segundo a empresa municipal, o saldo negativo será provocado pela queda na arrecadação, já que muitos passageiros pagarão menos para utilizar dois ônibus, e pelo reajuste de salário dos motoristas e cobradores.
A CCT calcula mensalmente quanto custa transportar cada passageiro. Quando esse valor é maior do que a tarifa em vigor, a prefeitura fica com a responsabilidade de repassar a diferença às empresas. Atualmente, o déficit acumulado ultrapassa os R$ 6 milhões.