Uma pasta pertencente ao advogado Jorge Luís Reis Charneca, 33 anos, achado morto anteontem em um córrego entre Bauru e Piratininga, foi localizada dentro de um bueiro da Vila Independência ontem. O fato de a valise conter somente papéis, a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Charneca e carregador de celular, reforça a hipótese de que ele foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte).
Em tese, o autor do crime dispensou a bolsa porque ela não continha objetos de valor. O carro da vítima, um Gol, relógio, anel e documentos pessoais até ontem à tarde não haviam sido localizados. “Estamos investigando, mas os dados indicam latrocínio”, diz J.J. Cardia, delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais/Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (DIG/Garra).
A polícia também investiga a informação de que no dia em que foi morto Charneca teria recebido R$ 26 mil referentes a uma ação trabalhista. Cardia ainda não tinha confirmado se o advogado realmente estava com grande soma de dinheiro no dia. Caso a informação seja confirmada, é mais um indício de que ele foi vítima de um ladrão.
A pasta foi localizada por uma pessoa que passava na rua, conta Cardia. “Esse cidadão verificou o conteúdo e entre papéis referentes a trabalhos de alunos, achou o número de um telefone. Era o telefone de um aluno da vítima, que acionou a polícia”, diz. Além de trabalhar em um escritório de advocacia em Bauru, onde era sócio, a vítima era professor voluntário em um curso pré-vestibular na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Charneca morreu afogado e em conseqüência de um trauma de medula na altura do pescoço, apontou o laudo necroscópio, segundo o médico Ivan Segura, diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Bauru. Porém, o exame não esclarece se o trauma na medula foi resultado de uma pancada dada usando algum objeto ou de uma queda.
O corpo do advogado foi achado dentro do córrego Santa Rosa, debaixo de uma ponte de cerca de três metros de altura. Com base no laudo, tudo indica que ele foi jogado de cima da ponte - o que teria causado a lesão - e em seguida veio a afogar-se, ou foi agredido e depois jogado dentro do córrego, onde afogou-se.
Como o exame necroscópio não encontrou marcas de mãos no pescoço de Charneca, não há sustentação para a hipótese que ele tenha sido afogado pelo agressor. O laudo também não precisou a hora da morte do advogado, que foi visto pela última vez dando aulas na Unesp anteontem à noite.