Politicando

Lotomania


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Zé do Doni era candidato a vereador e tinha grandes chances de se eleger, segundo seus próprios prognósticos. Nem era preciso muita campanha, corpo-a-corpo nem pensar, pois o contato com o povo não lhe era agradável. A campanha era feita de um modo bem prazeroso, sem afobação e muito menos diz-que-disse. Só no forró é que liberava geral por entender que os freqüentadores sufragariam seu nome maciçamente.

E assim deixou correr a campanha eleitoral, parando de quando em quando no Bar do Geraldo, bem defronte à Câmara Municipal, onde ficava bebericando uma cerva e observando o local de sua atuação a partir de 1º de janeiro. Vieram as eleições e a malfadada apuração. Obteve 18 votinhos. No dia seguinte estava no encalço de um causídico, pois haviam lhe garantido que não foram contabilizados 34.000 votos para vereador e dentre este grande número estavam os dois mil que não apareceram em sua votação. Como não encontrou ninguém que patrocinasse sua causa, acabou sumindo de circulação, talvez preocupado em mapear o fiel eleitorado.

Foi visto dias depois lá no Maciel, alfaiate de primeira, tirando medidas para fazer um terno zero bala. Questionado sobre a razão do terno novo, respondeu de pronto, todo sorridente: - O Patropi me falou que eleição de vereador é igualzinho a Lotomania! Ganha quem faz mais e quem faz menos votos! Tô dentro! Fui eleito com menos votos! E quem ri ainda mais satisfeito é o Geraldo do Bar, pois agora Zé do Doni marca ponto todo dia, e, enquanto toma sua cerva admira a Câmara Municipal, onde assumirá sua cadeira em 1º de Janeiro. Não é piada e sim coisas do Patropi!

Contada por Antonio Pedroso Jr.

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