O violento terremoto que ocorreu na Índia é uma nova manifestação de um fenômeno que teve início há 40 milhões de anos, o lento avanço da Índia em direção ao continente asiático, que “enrugou” a crosta terrestre dando origem ao maciço do Himalaia.

A Índia, que um dia esteve separada da Ásia, entrou em colisão com o continente, empurrando e deformando a crosta terrestre numa extensão do Himalaia até a Sibéria e do mar de Aral até o Pacífico.

Deste modo, o subcontinente age como uma escavadora, que entra constantemente no continente asiático à velocidade de vários centímetros por ano. O principal resultado desse fenômeno de compressão foi o nascimento dos únicos picos do mundo que superam os 8 mil metros de altura.

Os terremotos que ocorrem nessa região do Himalaia e nas regiões vizinhas são bastante habituais, mesmo que não tenham a importância do tremor do dia 26 de dezembro de 2004. Ás vezes, ocorrem violentos movimentos sísmicos a vários milhares de quilômetros do Himalaia, no interior do continente, ao Norte da China e na Ásia Central ex-soviética. Até 25 anos, esses terremotos não haviam sido explicados.

Foi somente em 1975 que, graças a imagens obtidas por satélites, o francês Paul Tapponier, do Instituto de Física do Globo de Paris, e seu colega americano Peter Molnar, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MTI), de Boston, descobriram que os terremotos “internos” eram também réplicas das colisões entre a massa do subcontinente indiano e o continente.

Por esta razão, existem temores de que possa ocorrer um terremoto de proporções gigantescas em zonas bastante afastadas da área de impacto entre a Índia e continente, pois o fenômeno provocou seis grandes falhas tectônicas comparáveis à de San Andres, que gera os violentos terremotos na zona da Califórnia, na América do Norte.