Tribuna do Leitor

Hypnerotomachia Poliphili


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É um dos livros mais preciosos e menos compreendidos dos primórdios da imprensa ocidental (século 15). Assim reza a nota histórica do livro “O enigma do quatro”, escrito por Ian Caldwell e Dustin Thomason, em pleno século 19, a propósito do livro Hypnerotomachia, atribuído a um príncipe veneziano, Francesco Colonna, um protetor das artes, principalmente literária.

Muito bem escrito, “O enigma do quatro” cheio de aventuras, mistérios e criptogramas, prende-nos a atenção e nos leva por mais de 420 páginas, a saber que Savonarola, com seu fanatismo religioso, queimou, na sua “fogueira das vaidades”, preciosas obras de arte e que o príncipe veneziano conseguiu salvar algumas, escondendo-as de Savonarola em uma cripta secretíssima que só os sábios da “inteligenzia” universal poderiam, um dia, chegar até ela.

Como “O Código Da Vinci” nos remete aos primórdios do cristianismo, sugerindo hipóteses viáveis, de acordo com pesquisa histórica da melhor qualidade, encontramos nesse livro muitas provas circunstanciais que estão corroboradas em “Revelando o Código Da Vinci”, de Martin Lunn.

Entre as muitas revelações do “Revelando...”, deparamos com a possibilidade de que os primeiros reis franceses, dinastia merovíngia, podem muito bem ser descendentes da Casa de Davi, por via de Jesus Cristo, que era da dinastia de Davi, e de Madalena, dama de alta estirpe na Galiléia, que era filha de um conceituado empresário da indústria de perfumes. Daí é possível que venha, por via da realeza francesa, o direito divino dos reis.

O gosto pela leitura e pela busca do conhecimento são incentivados na literatura atual, que junta duas das mais válidas vertentes da arte literária, a criatividade e a pesquisa histórica. O autor cria em cima do fato pesquisado, e isso é o que mais nos fascina, buscando o aprendizado e o conhecimento, mesclado com o entretenimento que não encontramos nos massudos e chatos tratados históricos e mesmo nos textos bíblicos que trazem absurdos como aquele do bicho que veio do mato para uma rua da cidade na qual comeu 45 meninos, só porque estes haviam chamado o profeta Eliseu de careca (e ele era careca mesmo).

Está de parabéns esses autores sérios e criativos que nos fazem renovar o gosto pela leitura de qualidade. Parabéns também para a literatura que envereda por esses novos caminhos ora palmilhados por algumas famosas mediocridades que encabeçam listas de mais vendidos, sem mérito que o justifique.

Isolina Bresolin Vianna - Academia Bauruense de Letras - cadeira 12

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