Salvação do rock, bola da vez, donos de novos rumos para a música... É tudo blablablá, motivo de piada para a Cachorro Grande, banda gaúcha formada em 1999, rock’n’roll, simples assim, e que mostra as músicas de seus três discos hoje à noite, no ginásio do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Bauru.
“A gente já está na estrada há algum tempo e nada disso nos sensibiliza. Já vimos muita coisa acontecer, como bandas que são a salvação do rock e, no mês que vem, ninguém sabe quem são. Nunca entramos nessa e entre nós, inclusive, damos risada. Todo mês vai haver uma banda que vai salvar o rock”, observa o vocalista Beto Bruno, em entrevista por telefone ao JC Cultura.
E o rock precisa de salvação? “Não precisa mesmo. O rock está aí, está em todo lugar. Quem precisa de salvação são as pessoas que escutam música sertaneja (risos). Isso é uma coisa fake, que a mídia inventa para dar ênfase a um projeto, como se fosse um produto, o que nós não somos. Queremos estar em cima de um palco, tocando, daqui a 20 anos”, responde.
Além de Bruno, a Cachorro Grande conta com Marcelo Gross (guitarra), Rodolfo Krieger (baixo), Gabriel Azambuja (bateria) e Pedro Pelotas (piano). De acordo com o vocalista, o início da história do grupo tem um ponto em comum. “Estamos juntos por causa de uma banda, os Beatles. A partir deles, fomos atrás de Rolling Stones, The Who, mas toda a banda tem esse sentimento em relação a eles e ao rock dos anos 60, a década de ouro. Temos extremo respeito, nos baseamos e miramos muito nos exemplos que eles deixaram. Os Beatles são a coisa mais importante que aconteceu na nossa vida, senão não estaríamos juntos”, revela.
A banda lançou seu primeiro CD, “Cachorro Grande”, em 2002, e dele vieram os primeiros hits: “Sexperienced”, “Debaixo do Chapéu” e “Lunático”, que teve clipe indicado no VMB da MTV na categoria de banda independente. De lá para cá, chegaram às lojas “As Próximas Horas Serão Muito Boas” (2004) – lançado em “Outracoisa”, a revista de Lobão – e “Pista Livre” (2005), que também tem clipe concorrendo no VMB deste ano, “Você Não Sabe o que Perdeu”, em melhor clipe de rock.
O grupo ainda participou do projeto-Frankenstein “MTV Acústico Bandas Gaúchas” (2005), que reuniu os integrantes da Cachorro Grande a Ultramen, Bidê ou Balde e Wander Wildner – também expoentes do som do Rio Grande do Sul, mas não necessariamente no mesmo estilo e que consigam alguma sintonia em um mesmo disco.
Para Bruno, a experiência do “Acústico” foi um desafio. “Do mesmo jeito que (o som da banda) não tem a ver com esse formato, nós transformamos as músicas no que elas são. Na verdade, as músicas saíram do violão. Aquela parafernália barulhenta saiu de um violãozinho. Foi como retornar às raízes, tentar encontrar aquela energia que rolava no dia em que foram compostas as músicas”, comenta.
Já para o show de hoje, nada de acústico. O vocalista revela que as três bandas devem excursionar juntas pelo País, mas a turnê atual do Cachorro Grande é a do “Pista Grande”, lançado em maio. “Como é nossa primeira vez em Bauru, vamos fazer uma coletânea dos três discos. Damos mais ênfase, nesse momento, para nossa turnê elétrica”, diz.
O negócio da Cachorro Grande é rock alto, eletrificado e divertido. No palco, melhor ainda, e essa é a oportunidade de conferi-los, em mais uma bola certa do Sesc.
• Serviço
Cachorro Grande no ginásio do Sesc, hoje às 21h. Ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00 (matriculados, estudantes com comprovante e maiores de 60 anos). O Sesc fica na avenida Aureliano Cardia, 6-71. Mais informações pelo telefone (14) 3235-1750.