Não custa repetir o que vem sendo dito desde que foram divulgados os primeiros detalhes do filme: qualquer semelhança entre “Zathura - Uma Aventura Espacial”, que chega hoje aos cinemas de Bauru, e “Jumanji”, produção de 1995 com Robin Williams, não é coincidência. Os dois são baseados em livros do escritor Chris Van Allsburg e ambos tem sua trama baseada em jogos de tabuleiro mágicos que transportam crianças para dentro do próprio jogo.
A diferença é que “Zathura”, o livro, de 2002, mesmo sendo um conto infantil com pouco mais de 30 páginas, parece ter sido pensado para render um filme recheado de efeitos especiais. Para o diretor quase iniciante Jon Fravreau (“Um Doende em Nova York”), foi também a oportunidade de louvar ídolos como Steven Spielberg e George Lucas.
O roteiro do filme é de David Koepp (“Homem-Aranha”, “Quarto do Pânico”, “Guerra dos Mundos”) e John Kamps. Na história, os irmãos Danny (Jonah Bobo), 6 anos, e Walter (Josh Hutcherson), 10 anos, permeados pela culpa da separação dos pais, são deixados sob a guarda da irmã mais velha (Kristen Stewart). Sem nada para fazer e proibidos de sair de casa, a opção é implicar um com o outro. Encondido no elevador de pratos da casa, Danny vai até o porão escuro, onde encontra o jogo de tabuleiro de metal desgastado chamado Zathura. Walter desiste da brincadeira, mas Danny percebe, após sua primeira jogada, que aquela não é uma brincadeira comum. Sua pecinha, uma nave espacial, se movimenta sozinha e ele recebe o primeiro cartão, com a inscrição “Chuva de meteoro, escape”.
É a deixa para o começo dos efeitos especiais e dos picos de ação no filme. Lançados no espaço sideral, distantes da Terra, os irmãos vão perceber que não estão sozinhos. Em cada jogada, surgem obstáculos como um robô enlouquecido e os Zorgons, uma espécie de lagartos carnívoros, além do astronauta perdido que os irmãos devem resgatar. No entanto, o maior desafio dos irmãos será a escolha do futuro para si e o entendimento entre os dois.
Na tentativa de criar um visual moderno, real e ao mesmo tempo nostálgico, o diretor peca em certas cenas nas quais os garotos precisam interagir diretamente com as criaturas digitais. A sensação é de que faltou orientação aos atores diante da tela verde de chroma key. É pena também que a cópia exibida nas salas de Bauru seja dublada. O filme é uma aventura infantil para adultos de todas as idades, divertida em todos os aspectos, apesar de alguns deslizes do diretor, porém que vai perder metade do seu encanto com os diálogos inaudíveis e os efeitos sonoros abafados no sistema de som das salas locais.