Depois de quase quatros anos desativado, o Laboratório Farmacêutico Santisa retomará a fabricação de medicamentos injetáveis, líquidos orais, comprimidos e cápsulas. O terreno, localizado na quadra 6 da rua Monsenhor Claro, ainda pertence à Irmandade Santa Casa de Misericórdia, mas o laboratório foi vendido para quatro empresários de Bauru e as instalações, alugadas recentemente. A previsão é que no início de abril os medicamentos comecem a ser produzidos, inicialmente, com preço abaixo do valor de mercado.
Embora não tenham concluído a análise de custos, os empresários já possuem cadastro de aproximadamente três mil instituições de todo o Brasil interessadas nos medicamentos. No município, todos os hospitais - de Base, Estadual, Unimed e Beneficência Portuguesa - são clientes, além da Prefeitura Municipal.
Para atender às novas exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o prédio está sendo reformado e novos equipamentos foram comprados, num investimento de aproximadamente R$ 600 mil. Dentro do laboratório, a temperatura precisa ser controlada por ar condicionado e os funcionários usarão roupas adequadas. “A reforma compreende as instalações elétricas, hidráulicas, pintura do prédio externa e internamente”, explica o proprietário e diretor comercial, Arnaldo Bernardes. A previsão é que as obras terminem até final de março.
Até lá, aproximadamente 70 funcionários serão contratados diretamente. “Alguns já trabalhavam no laboratório e serão chamados novamente. Outros profissionais também serão contratados”, explica Vanessa Giacomini, proprietária e responsável pelo controle de qualidade. As contratações começam em março e todos funcionários passarão por treinamento, antes de abril. Com o início das atividades, a expectativa é que a produção diária de medicamentos ultrapasse a quantidade que o laboratório fabricava anteriormente.
Segundo o diretor técnico e um dos proprietários, José Luiz da Silva, serão produzidos aproximadamente 2 mil remédios injetáveis/mês, 300 mil frascos líquidos/mês e 5 milhões de comprimidos e cápsulas/mês. O objetivo dos empresários é colocar, também, novos medicamentos no mercado. “Ainda estamos avaliando, definindo as necessidades do mercado, mas pretendemos lançar novos medicamentos”, reitera Bernardes.
Antes de ser reativado pela iniciativa privada, a Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Bauru tinha planos de transformar as instalações onde funcionava o laboratório em uma creche para atender 200 crianças gratuitamente. Na época, em meados de 2003, a idéia foi abandonada e o prédio ficou desativado.
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Capela será mantida
“A Capela será mantida intacta, como patrimônio histórico e cultural”, afirmam o diretor comercial, Arnaldo Bernardes, e a responsável pelo controle de qualidade, Vanessa Giacomini. O retorno das atividades do laboratório e o desligamento da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia não afetarão a construção. A Capela da antiga Santa Casa de Misericórdia de Bauru, situada ao lado do Laboratório Farmacêutico Santisa, foi tombada pelo Conselho Cultural de Defesa do Patrimônio Cultura (Codepac) no início de 2004, em decreto assinado pelo então prefeito, Nilson Costa.
Erguida na década de 30, é uma construção simples, com elementos neogóticos - construções com abóbadas ogivais e motivos tirados da natureza.
Antes, o prédio da Santisa abrigava a Santa Casa de Misericórdia, entidade filantrópica fundada em 1912 pelo primeiro juiz de direito de Bauru, Rodrigo Romero. A entidade atendeu como hospital até 1978, quando parte do terreno foi desapropriada pelo governo do Estado e usada para erguer o Hospital de Base. A partir de então, o prédio passou a abrigar apenas o laboratório.