Bairros

Lazer noturno é limitado

Rafael Tadashi
| Tempo de leitura: 3 min

As opções de lazer em Bauru não são proporcionais ao número de habitantes e ao espaço territorial que a cidade ocupa. Principalmente de segunda a quinta-feira, o entretenimento fica limitado à apreciação gastronômica e aos exercícios físicos em academias e avenidas, salvo algumas exceções, como o Serviço Social do Comércio (Sesc), que oferece alguns espetáculos e exposições artísticas e musicais.

De acordo com a maioria das pessoas entrevistadas, faltam parques, praças e pistas para caminhadas, incentivo à cultura por parte do poder público e iluminação pública de qualidade, que “garanta” a segurança e o bem-estar daqueles que gostam de apreciar a cidade no período noturno.

Nas proximidades do aeroclube, encontramos três bauruenses que acreditam que mesmo na zona sul há ruas mal iluminadas. A empresária Rita Hinke, a oficial da Polícia Militar Marli Martins e a professora Vera Santiago têm o hábito de caminhar pela avenida Getúlio Vargas quase todo final de tarde, mas dizem que evitam andar sozinhas, pois mesmo na avenida com o metro quadrado mais valorizado de Bauru, há pontos em que a iluminação deixa a desejar. ”Alguns locais são um pouco perigosos, pois são mal iluminados. De qualquer forma, locais públicos apropriados para o bauruense se exercitar”, comenta Hinke.

As três amigas costumam caminhar quando a noite chega, pois é o único momento do dia que têm disponibilidade para manter a saúde em dia. “Às vezes caminhamos pela manhã, mas a disposição física não é a mesma e o horário é mais limitado pelos compromissos profissionais”, diz Hinke.

Outra que também só pode se exercitar à noite é a estudante universitária Maiara Silvestre, 22 anos. Todos os dias ela vai a uma academia de ginástica após as 19h. “Estudo de manhã e faço estágio à tarde. Então, sobra só a noite para suar um pouquinho”, diz.

De acordo com Miguel Curi Mauad, proprietário de uma academia em Bauru há 22 anos, a tendência é, cada vez mais, estender os horários de funcionamento da empresa para a prática de exercícios. “Demanda existe. Quando comecei, a academia fechava às 21h. Hoje fecha às 22h, em tese. Mas já estamos estudando a possibilidade de ficar abertos até as 23h”, frisa.

Mauad, que tem mais de 900 alunos matriculados, explica que o público noturno é composto principalmente por universitários e pessoas que trabalham até tarde. “À noite há mais gastos com energia elétrica e seria preciso a contratação de outros profissionais, mas a tendência é fechar cada vez mais tarde. Em algumas cidades há até academias 24 horas”, avalia.

Gastronomia

Como o lazer é considerado limitado, muitos bauruenses saem no período noturno para comer, beber e bater papo com os amigos em algum restaurante, bar ou lanchonete. Nas avenidas Getúlio Vargas e Nações Unidas, por exemplo, o movimento em busca deste tipo de lazer é intenso.

O comerciante Saulo de Franco explica que pelo menos três dias da semana sai com sua esposa e amigos para saborear um lanche, uma pizza e tomar uma cervejinha. “Se houvesse mais shows, peças e eventos, com certeza eu não viria tanto a bares e restaurantes, mas acredito que não tem muito o que fazer em Bauru à noite”, expõe.

Por conta da grande procura por estabelecimentos gastronômicos no período noturno, os próprios bares, lanchonetes e restaurantes passaram a abrir mais tarde e fechar mais tarde. Caso das pizzarias.

A empresária Renata Afonso, sócia-proprietária de uma pizzaria, acredita que refeições como pizzas e lanches são mais rápidas para serem preparadas e que o consumo deste tipo de alimento no período noturno já faz parte da cultura do bauruense. “As pessoas cozinham no almoço e à noite querem descansar. Não querem se preocupar em ter que preparar comida. É um momento de lazer com a família”, salienta.

Por conseqüência da associação entre lazer e comida, o empresário Carlos Bernardino de Sousa construiu até um parquinho dentro do seu estabelecimento comercial. “As pessoas não vêem mais apenas para comer e ir embora. Elas gostam de conversar, consumir alguma bebida e assim as crianças também podem se distrair”, explica.

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