Tribuna do Leitor

A incrível história do homem-sanduíche!


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Ele sempre sonhara ser o homem-sanduíche! Seus amigos queriam ser o Super-Homem, o Batman, o Hulk, o Homem-Aranha, o príncipe Namor, o poderoso Thor, mas ser o homem-sanduíche? Quem é esse cara? Passeando com sua mãe pela avenida vira um homem com uma placa estampada no peito e nas costas, admirou-o à primeira vista, deveria ser um homem muito rico, pois trazia à frente e nas costas os dizeres garrafais: “Compro ouro!” Quem seria aquele homem a quem interessava o metal precioso que um dia mandou e desmandou em Serra Pelada? Sua mãe desvendou-lhe o mistério, tratava-se do homem-sanduíche, gente que vive de propaganda, às vezes enganosa! Não importava, era um homem único, sofrido, pois também carregava sua cruz, à sua maneira e a seu tempo! Imaginava ser o homem-sanduíche, poderia, enfim, alternar sua rotina, um dia seria um Misto, mistura de prazeres e delícias, outro seria um X-salada, uma variável inconstante entre uma mistura de ingredientes prensados e diversificados, seria, também um X-tudo, tudo poderia, seria o tudo para aqueles que não têm nada, o máximo ser tudo! O homem-sanduíche é único, é o herói moderno!

Tornou-se, finalmente, o homem-sanduíche! Arrumou em sua cidade um emprego ,através de um político, seria um cargo importante, na parte de trás levaria consigo os escritos: “Vote Ricardão, agora sem mensalão!” E na parte da frente: “Vote Ricardo Augusto, único sem custo!” Não entendia nada, mas fazia o que gostava, era um super-herói, a parte traseira era sua capa, poderes indescritíveis, a parte da frente era como um colete à prova de balas, fossem perdidas ou encomendadas! Mas um dia ouviu dizer que existia uma cidade no estado de São Paulo que era a terra do sanduíche, cidade sem limites, que não dava mais para chegar de trem, mas era uma boa cidade, boa não se sabia para que fim, mas era boa, que um dia foi sinada para ser capital, para ter coisa moderna, mas que hoje só tinha buraco, mas que se orgulhava do seu sanduíche! Nunca o homem-sanduíche tinha ouvido história mais linda, uma cidade que se orgulhava do seu sanduíche e pensou que nessa cidade seria seu lugar, pensou até em seu epitáfio: ”Aqui jaz, na terra do sanduíche, o homem-sanduíche!

Acordou, pegou suas coisas e direcionou-se à terra do sanduíche. Chegando à cidade, andou, andou, olhou vitrinas, parou no Sesc e escutou Zé Paulo, chorou com Mariza Basso, fitou as telas de Percy Coppieters, recitou a lixeratura de Luiz Vitor Martrinello, viu o Grupo Ato no ato, delirou com Márcio Pimentel, acordou nos acordes de Luís Norman Bates Paulo Domingues, pegou o táxi de Sidnei Dionísio e foi para o centro, talvez procurar o centro de tudo, Juliverneou para o centro da Terra, parou na praça Rui a Pátria, senhores, sois vós! Barbosa e viu vários homens-sanduíche! Que alegria, uma legião de super-heróis, a Liga da Justiça de homens-sanduíche! E cada qual trazia seus dizeres com orgulho e protesto da terra do sanduíche e ele ia lendo-os: “Vendo o BAC, virou BACtéria!”, “Vende-se a casa da Eny, sem a Eny!”, “Procura-se o prefeito, a um paço das Cerejeiras!”, “O buraco é fundo, acabou-se o mundo! ”Socorro! Estou pronto sem pronto-socorro!”, “O Carnaval foi, mas não voltou!” “Todo dia nasce um político, use camisinha!” “Tobias ou Tobias, eis a questão!” “Com Damião só dá Norusca, imagine também com o Cosme! “A ponte do Mary Dota quem adota?” “Quem é o Senhor dos Anéis Viários?”” Sorria, o radar te pegou!” “Velocidade controlada por buracos!” O homem-sanduíche leu, releu e viu que ali não era o seu lugar, ali era terra de outro sanduíche, era sim, com orgulho, a terra do sanduíche, mas que era um lugar abandonado, jogado às traças, esperando a vinda de um homem, homem com coragem para assumir uma tensão, uma alta tensão de cento e dez volts periódicos!

Sinuhe Daniel Preto - professor - RG 10.981.715-1

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